Bruzundanga e a eleição enxadrista

Carlos Carvalho
Advogado

Publicação: 13/05/2025 03:00

Em belíssimo ensaio, Lima Barreto apresenta todo o sentimento do que se nega da alma brasileira, que não discrepa em nada da alma de outros tantos povos/homens e o ponto é exatamente este.

Em recente eleição, bastante concorrida, tivemos de tudo, iniciando pela acirradíssima disputa de egos. Textos jurídicos, escritos com arremates pela legalidade, lançados em periódicos tratando do que dizem ser, um novo Madurismo Tropical. Como tem maledicente nesta terra!

Todos querem o comando, não aceitam a rebeldia – traição, nem pensar. Isso, claro, na boca miúda, nas vozes roucas das ruas que murmuram. Os tratados editados e veiculados tiveram uso não nobre e foram parar nas lixeiras.

Deu com os ombros. Afinal, quem pegou o pepino com as mãos e agora se apresenta como salvador da “pátria de chuteiras”, não poderia deixar de gozar, do prestígio da ascensão – alpinismo social.

Não é fácil para quem ontem era tão somente um cabeludo numa multidão de cabeludos, deixar de ser.  Dá pra aguentar a inveja, a dor de cotovelo dos adversos. O negócio é adoçar o peritônio com um bom espumante, bebida dos reis. Nada mais digno, oportuno e devido – uma mesa bem regada e farta. Viva!

O mandatário reeleito deveria coroar a si mesmo, “tal-qualmente” dizem, o fez Maduro em cerimônia fechada, e, mesmo assim vazou. A imprensa tem olhos e ouvidos por todos os cantos, um inferno. Os aparelhos celulares também.

É o momento da afirmação, “às favas com a modéstia” disse o nobre MM Gilmar Mendes.

Seguindo com afinco seu mister, o homem vai trabalhar para ser “O CARA!”. Quem sabe e em breve, muito breve, reeditará discursos que um outro mandatário, “hors concours” entre os seus, proferiu para os incautos, ao afirmar que estava pensando em decisão mundial de xadrez com expoentes da Índia. Isso! Seguindo para os píncaros do nobre esporte Indiano.

Passamos um ano bêbados com tantos erros que, graças aos muitos cometidos pelos outros, chegamos à condição de elite de Bruzundanga. Sim, em breve vestirá casimira, com botões dourados, vestes talhares e, proferirá discursos daqueles que você enxuga e não colhe um grão, uma só gota.

É bem curioso como os gênios vão se pegando com jargões que não dizem absolutamente nada e, entulhados de palavras do tipo, “overlapping” ou “ponto futuro”, muito comum noutro esporte conhecido como futebol. A expressão xeque-mate em breve valerá tanto quanto “O gol é apenas um detalhe!”, topo da estripulia vernacular empulhativa.

A bandeira está tremulando lá no Alto e alardeiam que, uma parte dos eleitores é bem chegada na trela.

Não pediram voto impresso. Parece que a checagem foi contratada pelo vencedor. Enxadrista de primeira. Queixa? Não passa de cortina de fumaça, catimba da mais rasa. Coisa de perdedor.

Agora é manter a Academia de Enxadristas do Alto do Pituba nas alturas, colocar o barco no rumo e navegar, mesmo que as águas fiquem turvas.