Alexandre Rands Barros
Economista
Publicação: 09/08/2025 05:00
A Iniciativa Cinturão e Rota (BRI) é um ambicioso programa de integração internacional lançado pelo governo chinês. Seu objetivo é revitalizar as antigas rotas comerciais da Rota da Seda, promovendo a conectividade e o desenvolvimento econômico global por meio de investimentos massivos em infraestrutura, acordos logísticos e cooperação regional. Desde a sua criação, a BRI tem se expandido para múltiplas regiões, incluindo África, América Latina e Oceania. Mais de 147 países aderiram ou mostraram interesse na iniciativa, sendo 20 deles na América Latina. A BRI promove modernização, integração econômica e financiamento para infraestrutura, com recursos de bancos chineses. Seu propósito é ajudar a construir uma comunidade global com futuro compartilhado, respeitando as diversidades de desenvolvimento, culturas e ideologias.
Há duas motivações principais para a China lançar essa iniciativa. A primeira é evitar que o excesso de superávit em conta corrente leve à valorização cambial que inviabilize a competitividade das exportações chinesas, como ocorreu com o Japão. A segunda é que essas integrações internacionais possam elevar a produtividade das empresas chinesas, ajudando-as a manter a competitividade no mercado mundial. Para os países participantes, os ganhos de produtividade advêm dos investimentos e da escala de suas empresas, decorrentes da maior inserção comercial no mundo.
As críticas à BRI frequentemente levantam preocupações com o endividamento excessivo dos países participantes e questionam a sua transparência, sustentabilidade ambiental e a possível influência política que a China poderá vir a ter nos países parceiros. No entanto, muitas dessas críticas baseiam-se mais em receio do que em fatos concretos, pois os projetos incorporarão as preocupações ambientais definidas pelos países implementadores. Se contratualmente bem definidos e se os países não se endividarem excessivamente, não serão instrumentos de submissão.
A comunidade internacional passa por um momento disruptivo. Os EUA estão mostrando, de forma bastante explícita, que não são um parceiro confiável nas relações internacionais. A Europa, candidata natural a uma parceria mais próxima pela identidade cultural, não consegue unidade interna suficiente para estreitar as relações com o Brasil para muito além do que já existe. Dessa forma, a China deve passar a ser nossa maior parceira internacional, já ocupando essa posição nas relações comerciais. Agora, podemos aprofundar essa parceria em desenvolvimentos tecnológicos, integração cultural e empresarial. Para isso, é crucial que o Brasil ingresse na BRI.
Nesse contexto, promover as regulamentações necessárias para que os bancos brasileiros possam ingressar no CIPS (Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço) será um passo fundamental. Sendo a China nosso maior parceiro comercial, as empresas brasileiras se beneficiarão muito da maior disponibilidade do CIPS. Os pagamentos internacionais através dele podem ter custos que são menos de 25% dos incorridos em transações através do SWIFT, atualmente mais usado pelos bancos brasileiros e que exige conversão para dólar americano e transação com bancos europeus ou americanos. Os prazos também podem ser reduzidos para menos de 20% do que se verifica hoje com pagamentos pelo SWIFT. Está na hora de reduzir a exposição aos EUA.
Há duas motivações principais para a China lançar essa iniciativa. A primeira é evitar que o excesso de superávit em conta corrente leve à valorização cambial que inviabilize a competitividade das exportações chinesas, como ocorreu com o Japão. A segunda é que essas integrações internacionais possam elevar a produtividade das empresas chinesas, ajudando-as a manter a competitividade no mercado mundial. Para os países participantes, os ganhos de produtividade advêm dos investimentos e da escala de suas empresas, decorrentes da maior inserção comercial no mundo.
As críticas à BRI frequentemente levantam preocupações com o endividamento excessivo dos países participantes e questionam a sua transparência, sustentabilidade ambiental e a possível influência política que a China poderá vir a ter nos países parceiros. No entanto, muitas dessas críticas baseiam-se mais em receio do que em fatos concretos, pois os projetos incorporarão as preocupações ambientais definidas pelos países implementadores. Se contratualmente bem definidos e se os países não se endividarem excessivamente, não serão instrumentos de submissão.
A comunidade internacional passa por um momento disruptivo. Os EUA estão mostrando, de forma bastante explícita, que não são um parceiro confiável nas relações internacionais. A Europa, candidata natural a uma parceria mais próxima pela identidade cultural, não consegue unidade interna suficiente para estreitar as relações com o Brasil para muito além do que já existe. Dessa forma, a China deve passar a ser nossa maior parceira internacional, já ocupando essa posição nas relações comerciais. Agora, podemos aprofundar essa parceria em desenvolvimentos tecnológicos, integração cultural e empresarial. Para isso, é crucial que o Brasil ingresse na BRI.
Nesse contexto, promover as regulamentações necessárias para que os bancos brasileiros possam ingressar no CIPS (Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço) será um passo fundamental. Sendo a China nosso maior parceiro comercial, as empresas brasileiras se beneficiarão muito da maior disponibilidade do CIPS. Os pagamentos internacionais através dele podem ter custos que são menos de 25% dos incorridos em transações através do SWIFT, atualmente mais usado pelos bancos brasileiros e que exige conversão para dólar americano e transação com bancos europeus ou americanos. Os prazos também podem ser reduzidos para menos de 20% do que se verifica hoje com pagamentos pelo SWIFT. Está na hora de reduzir a exposição aos EUA.