Com a máquina na mão, mas rifados da disputa A falta de preparo psicológico, financeiro e político encabeça justificativas de quem não concorrerá

Eduarda Bione
Especial para o Diario

Publicação: 10/08/2012 03:00

 (GREG/DP)

As justificativas são muitas: problemas de saúde, afastamento “forçado” do cargo, baixo Fundo de Participação dos Municípios (FPM), falta de preparo psicológico e o pior… financeiro. Tudo e mais um pouco figuram entre os motivos para a desistência de quem, contrariando a onda governista, abriu mão de disputar a reeleição em Pernambuco no pleito deste ano. Ao todo, segundo levantamento do Diario, 16 dos 109 prefeitos em primeiro mandato, com direito a disputar a reeleição, resolveram desistir da empreitada.

De acordo com os dados de registro de candidaturas, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), apenas 93 dos postulantes eleitos em 2008 conseguiram reunir as condições políticas e financeiras para enfrentar novamente as urnas neste ano. “Fiz o que dava na medida do possível”, declarou o prefeito de Santa Cruz do Capibaribe, Toinho do Pará (PTB). Seguro na gestão até o dia 31 de dezembro, ele explicou que não está preparado para o pleito de outubro.

“Não me preparei nem psicologicamente e nem financeiramente”, pontua Pará, deixando claro que o desânimo de agora não vai afastá-lo da política. Segundo ele, a desistência também se deu pela pretensão de um cargo superior, em 2014. “Vou me afastar agora, mas na cidade a população já clama meu nome para as próximas eleições. Se for da vontade do povo e de Deus, existe a possibilidade de me candidatar a deputado estadual”, afirmou.

Entre os prefeitos desistentes, há o caso de Ozano Brito (PSD), de Gravatá, que abandonou a disputa por questões familiares. “Ele escolheu não se engajar numa campanha política e ficar ao lado da família”, declarou a assessoria de imprensa da prefeitura. O gestor, que sofreu a perda de uma filha em junho deste ano, se afastará da vida pública a partir do dia 1º de janeiro. “Foi um banque muito grande e que não é tão fácil de se recuperar”, disse a assessoria.

Na opinião do prefeito de Escada e presidente da Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Jandelson Gouveia (PR), o que mais tem influenciado os gestores municipais a abrirem mão do direito de concorrer a reeleição é o cansaço. “Oito anos de gestão não é para qualquer um”, declarou. Prefeito há quase oito anos, o dirigente municipalista diz que em grande parte dos casos de desistência, os prefeitos não atingem o objetivo a que se propuseram.

Outro fator também apontado por Jadelson é a falta de reconhecimento da população. “Muitas vezes o prefeito tem quatro anos excelentes de gestão. Cumpre tudo, mas falta o reconhecimento da população. Isso é um desestímulo sem tamanho”, afirmou. Ainda segundo ele, o esgotamento mental gerado pelas atribuições municipais cria um desgaste mental e administrativo e chega ao ponto de influenciar nas relações pessoais.

 

Saiba mais

 

Longe das urnas

 

Cidade  -  Prefeito
Aliança - Azoka José Maciel (PT)
Araripina - Luiz Wilson Ulisses Sampaio (PTB)
Belo Jardim - Marcos Coca-Cola (DEM)
Caetés - Aércio José de Noronha (PSB)
Goiana - Henrique Fenelon de Barros Filho (PCdoB)
Gravatá - Ozano Brito Valença (PSD)
Jataúba - Carlos Lucinaldo da Silva Santos (PMDB)
Lagoa do Itaenga - Jackson José da Silva (PSDB)
Lagoa do Ouro - Aldemar Júnior Monteiro Marques (PTB)
Granito - Francisco Alencar Sampaio (PMDB)
Maraial - Marcos Antônio Ferreira Soares (PSB)
Recife - João da Costa (PT)
Saloá - Gilvan Pereira de Barros (PSB)
Santa Cruz do Capibaribe - Antônio Figueiroa de Siqueira (PTB)
São Vicente Férrer - Pedro Augusto Pereira Guedes (DEM)
Xexéu - Gercino Gonçalves de Lima Neto (PSB)