Publicação: 24/07/2014 03:00
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Refinaria Pasadena, localizada no Texas, foi adquirida em 2006 pela Petrobras |
Após a divulgação do relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), na tarde de ontem, que isenta a presidente Dilma Rousseff e demais integrantes do Conselho de Administração da Petrobras de responsabilidade sobre a compra da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), em 2006, a oposição avaliou que o resultado já era esperado. O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) afirmou, em clima de disputa eleitoral, que, no Brasil, a prática é transferir responsabilidades para os coadjuvantes e poupar os verdadeiros culpados. Quem assina o relatório do TCU é o ministro José Jorge. Ligado aos tucanos, já comandou a pasta de Minas e Energia durante a segunda gestão de Fernando Henrique.
Alvaro Dias ressaltou que tem apreço pelo ministro, mas que, no entanto, não poderia se posicionar de maneira diferente. “Tenho que manter a minha posição. Isso vem na esteira do que se estabeleceu nos últimos anos no Brasil. Os ilícitos existem, mas os responsáveis são ocultos”.
Ao ser lembrado de que José Jorge tem um passado político relacionado ao PSDB, o senador fez uma ponderação. “Não sei quem é responsável por essa conclusão. Ele (o ministro) é um dos responsáveis pela decisão de isentar a presidente. Não há como isentá-la da responsabilidade”.
O senador Humberto Costa, líder do PT no Senado, avaliou que não tinha como Dilma ser responsabilizada. “Obviamente que o ministro jamais poderia incriminar a presidente porque não havia qualquer indício de cometimento de qualquer irregularidade por parte dela”.
Intimação
A Justiça Federal acolheu pedido da defesa do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa - alvo da Operação Lava Jato -, e mandou intimar o candidato à Presidência Eduardo Campos (PSB) para depor, como testemunha de defesa, no processo sobre lavagem de dinheiro supostamente desviado das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.
Saiba mais
A decisão
Segundo o acórdão aprovado ontem pelo TCU, a compra de Pasadena resultou num prejuízo de US$ 792,3 bilhões para a Petrobras. No entendimento do relator e da maioria dos ministros, o dano foi causado por uma série de erros da Diretoria Executiva da empresa. A seguir, a culpa de cada um e o prejuízo:
US$ 580.428.571,30
Valor pago a mais na compra da refinaria, resultante de avaliação equivocada e desconsiderando a avaliação de empresa contratada pela própria Petrobras
Sérgio Gabrielli (ex-presidente), Nestor Cerveró (diretor), Paulo Roberto Costa (diretor), Almir Guilherme Barbassa (diretor), Renato de Souza Duque (diretor), Guilherme de Oliveira Estrella (diretor), Ildo Luis Sauer (diretor) e
Luís Carlos Moreira da Silva (gerente)
US$ 39,7 milhões
Valor perdido quando a Petrobras deixou de exercer cláusulas contratuais a que tinha direito, no fim da parceria com a Astra
Renato Tadeu Bertani e Paulo Roberto Costa
US$ 79,89 milhões
Prejuízo com a assinatura de uma “carta de intenções” por parte de Nestor Cerveró, na qual a Petrobrás se compromete a comprar os 50% da refinaria acima do valor de mercado
Nestor Cerveró e Sérgio Gabrielli
US$ 92,3 milhões
Perda da Petrobras ao não cumprir a decisão da justiça arbitral, solicitada pela própria empresa
Sérgio Gabrielli, Paulo Roberto Costa, Almir Barbassa,
Renato Duque, Guilherme Estrella, Ildo Sauer, Nestor
Cerveró, Carlos César Borromeu de Andrade (gerente), Gustavo Tardin Barbosa e Renato Tadeu Bertani
(ex-presidente da subsidiária americana da BR)