Corrupção entre os servidores federais De 550 funcionários exonerados, 343 estavam envolvidos em ato ilícito

SÁVIO GABRIEL
savio.gabriel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 21/01/2017 03:00

Motivo de diversos protestos nos últimos anos, a prática da corrupção está longe de ser exclusiva dos políticos. Ela atinge todos os níveis da sociedade e foi a principal causa de expulsões de servidores federais em 2016. Para se ter uma ideia, de um total de 550 pessoas que foram exoneradas no ano passado, 343 estavam envolvidas em algum ato de corrupção. O quantitativo de expulsões no país foi o maior desde que as fiscalizações se iniciaram, em 2003. Pernambuco tem o nono maior contingente de servidores que cometeram atos ilícitos: dos 15 expulsos, 13 deixaram o serviço público pela porta de trás e com a mancha da corrupção no currículo.

Os números foram divulgados pelo Ministério da Transparência, Fiscalização e pela Controladoria-Geral da União (CGU), que anualmente aplicam as chamadas punições expulsivas. “No ano passado tivemos um número recorde, mas o índice permanece bastante elevado desde 2011”, disse Armando De Nardi Neto, coordenador-geral de planejamento e de ações correcionais da CGU. As fiscalizações têm aumentado desde 2005, quando foi criado o sistema de corregedorias do Executivo federal.

O número de servidores envolvidos em corrupção, no entanto, pode ser maior. “A punição depende da capacidade de identificar os ilícitos e de levar a cabo a apuração”, pontuou, ressaltando que, no caso específico da corrupção, um complicador é que esse tipo de ato costuma não deixar rastros.

Pernambuco segue a tendência nacional. Nos últimos 13 anos, 148 dos 231 servidores expulsos no estado estavam cometendo corrupção e o ministério que mais registrou punições no período foi o da Educação, com 80 servidores exonerados. No Brasil, o Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário é o líder em expulsões, com mais de 1,5 mil. Apesar das punições, alguns servidores conseguem ser reintegrados. Os dados mostram que 605 pessoas reverteram as decisões e foram readmitidas. “Às vezes são pessoas que entram com ação judicial e, por diversos motivos, conseguem reverter a decisão”, ressaltou o coordenador-geral.

Estados que mais puniram servidores (2016 )
  • 1° Rio de Janeiro    116
  • 2° São Paulo    67
  • 3° Distrito Federal    58
  • 4° Pará    30
  • 5° Amazonas e Maranhão    26 (cada)
  • 6° Mato Grosso    24
  • 7° Minas Gerais    23
  • 8° Bahia    19
  • 9° Pernambuco    15
  • 10° Goiás e Rondônia    14 (cada)
Em Pernambuco
  • 231 é o quantitativo de servidores expulsos de 2003 a 2016, sendo:
  • 148 por casos de corrupção
  • 57 por abandono de cargo, inassiduidade ou acumulação ilícita de função
  • 6 por proceder de forma desidiosa
Fonte: Controladoria Geral da União (CGU)