TEORI ZAVASCKI (1948 - 2017) » Temer já avalia nomes para substituir Teori A ministra Gracie Mendonça (AGU) e Alexandre de Moraes (Justiça) estão entre os sugeridos

Publicação: 21/01/2017 03:00

Em busca de um substituto para o ministro Teori Zavascki, o presidente Michel Temer começou nessa sexta-feira a avaliar nomes para o cargo que ficou vago no Supremo Tribunal Federal (STF). Pela manhã, o peemedebista recebeu em audiências diferentes o ministro Alexandre de Moraes (Justiça) e a ministra Gracie Mendonça (AGU), ambos cotados para a posição. O presidente também discutiu o assunto com a ex-ministra do STF Ellen Gracie, amiga do peemedebista e que se reuniu com ele no final da manhã.

Em maio, a ex-ministra chegou a ser cotada pelo presidente para assumir o Ministério da Justiça ou o Ministério da Transparência, mas recusou os convites. “O Brasil perde muito com a morte. Eu convivia com ele como um irmão de criação desde o Tribunal Federal da 4ª Região”, disse a ex-ministra. “Era um exemplo para a magistratura brasileira”, acrescentou.

O ministro Marco Aurélio Mello foi um dos que sugeriram o nome de Alexandre de Moraes. Marco Aurélio disse que “o perfil ideal é um nome com bagagem jurídica e experiência” para sucessor de Teori na Corte. “Aí nós temos, por exemplo, o ministro que está no Ministério da Justiça, que foi do Ministério Público, é professor, constitucionalista, foi secretário de Segurança Pública do prefeito Kassab, secretário de Justiça e Segurança Pública do governo Alckmin, e aceitou o sacrifício de ir para Brasília trabalhar no Ministério da Justiça”, disse.

Políticos da base aliada apoiam a indicação de Moraes. “Se depender do PR, vamos encaminhar o Alexandre”, afirmou o presidente nacional do PR, ex-ministro Antonio Carlos Rodrigues (SP). Nos bastidores, políticos do PSDB também já defendem o nome de Moraes. “Ele tem todas as qualificações”, afirmou um tucano ligado ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), de quem Moraes foi secretário de Segurança Pública.

Parlamentares da oposição, entretanto, rejeitaram o nome do ministro. “Não tem a menor condição. Apesar de muito estudo, é uma pessoa em descompasso com a democracia”, afirmou o líder do PT na Câmara, deputado Carlos Zarattini (SP). O líder do PCdoB, Daniel Almeida (BA), também rechaçou a especulação em torno do nome do ministro da Justiça. “Até aqui, ele (Moraes) se revelou um trapalhão, um incompetente. A indicação seria um desastre”, avaliou.

Os oposicionistas sabem que a escolha do novo ministro pelo presidente Michel Temer terá também um caráter político, mas lembram que, em se tratando de um ministro que julgará as questões envolvendo a Lava-Jato, haverá um peso político maior do que o normal. Excluídos pela primeira vez nos últimos 14 anos do processo de escolha de um ministro do STF, deputados do PT e do PCdoB apostam que Temer receberá grande influência do PMDB e indicará alguém com o perfil do ex-ministro Nelson Jobim.

Ontem, o presidente nacional da OAB, Claudio Lamachia, afirmou que é “imperativo” que o Supremo redistribua imediatamente os processos da Lava-Jato. Para ele, aguardar a nomeação do sucessor do ministro para que os processos sejam redistribuídos “servirá apenas para agravar o ambiente político-institucional do país”.

“O próprio ministro Teori Zavascki, ao nomear uma força-tarefa, durante o recesso do Judiciário, para dar seguimento à homologação das delações da Odebrecht, demonstrou firme determinação em não postergar matéria de tal relevância. E é essa a expectativa da sociedade.” O presidente da OAB ainda afirmou, sem citar nomes, que os “condutores do rito de nomeação”, em referência ao Executivo e ao Legislativo, “têm alguns de seus integrantes mencionados nas delações”. (Da redação com agências)