Poder no PSB ameaça provocar bate-chapa Disputa pela presidência da legenda pode resultar em uma eleição com dois adversários pela primeira vez em duas décadas na sigla

Rosália Rangel
rosalia.rangel@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 25/03/2017 03:00

A eleição para presidência nacional do PSB poderá ocorrer com um bate-chapa entre os candidatos ao cargo. Caso isso venha a acontecer será a primeira vez, em 23 anos, que o partido uso o mecanismo no processo interno depois que o ex-governador Miguel Arraes assumiu o comando da sigla em 1994. Atualmente, o PSB está sob o comando de Carlos Siqueira. O nome dele tem o apoio dos representantes do partido em Pernambuco, mas existe uma ala que defende um entendimento em torno do vice-governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que demonstrou interesse em entrar na disputa.

Entre os que defendem a indicação de França, o senador Fernando Bezerra Coelho (PSB) acredita na possibilidade de se chegar a um denominador comum que agregue a todos os interesses. A tese dele é de que o vice-governador paulista representa um projeto que interessa ao PSB. “Conversas estão acontecendo nesse sentido, mas ainda estamos na fase preliminar”, destacou o socialista, referindo-se ao tempo que ainda falta para eleição, prevista para novembro.

Bezerra Coelho destacou, inclusive, que os socialistas pernambucanos reconhecem a importância do projeto de Márcio França. “Ele vai assumir o governo de São Paulo e deve ser candidato à reeleição. Será peça de destaque na candidatura de Geraldo Alckmin (à Presidência da República). Isso tudo gera uma definição de cenário para 2018, quando precisaremos eleger uma boa bancada e governadores”, disse, justificando uma possível parceria nacional com o PSDB.

Apesar de demonstrar simpatia pelo aliado paulista, comenta-se nos bastidores que, na verdade, o senador estaria pavimentando o caminho para disputar a presidência nacional do PSB. Especulação que ele nega. Mas o que se diz, em reserva, é que o apoio ao nome de Bezerra Coelho estaria mais forte de que ao próprio França, por contar com o suporte dos filhos, o ministro de Minas e Energia, Fernando Filho, e do prefeito de Petrolina, Miguel Coelho.

Outra força em prol de Bezerra Coelho estaria no Congresso, onde, segundo uma fonte, ele conta com o apoio da bancada do PSB no Senado e de 20 dos 35 deputados federais da legenda. Ao Diario, por telefone, o presidente nacional, Carlos Siqueira, garantiu desconhecer o interesse de Fernando Bezerra na disputar. Mas ressaltou que há “espaço para todos”. Ele confirmou, no entanto, que, na última terça-feira, conversou com Márcio França por quase duas horas. “Falamos sobre tudo. Agora, o debate (da eleição do PSB) só vai acontecer mais à frente. Hoje, os desafios são outros”, frisou, citando a discussão no Congresso em relação à proposta do governo federal sobre a reforma da Previdência, da qual os socialistas já se manifestaram reticentes, caso não ocorram mudanças significativas no projeto original elaborado pelo Palácio do Planalto.