Ação mina poderes de tucano Aécio Neves foi afastado do cargo por decisão do STF, mas o ministro Fachin optou por não acatar o pedido de prisão solicitado pela PGR

Publicação: 19/05/2017 03:00

O Supremo Tribunal Federal (STF) determinou ontem o afastamento de Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, do cargo de senador. Ele aparece, segundo reportagem do jornal O Globo, em gravação pedindo R$ 2 milhões a donos do frigorífico JBS, que firmaram acordo de delação premiada já homologado pelo STF.

Também foi afastado, a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), o deputado Rocha Loures (PMDB-PR), um dos assessores mais próximos do presidente Michel Temer, que teria sido filmado recebendo uma mala com R$ 500 mil.

Foram cumpridos oito mandados de prisão, todas preventivas, ou seja, sem data para terminar. Um dele foi expedido contra Andrea Neves, irmã do senador, e outro contra o primo dele Frederico Pacheco.

Outros presos são uma irmã de Lúcio Funaro chamada Roberta e Mendherson Lima, assessor do senador Zezé Perrella (PMDB-MG). Funaro é apontado como operador do ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Os dois foram alvos de pedidos de prisão, mas já estão detidos desde o ano passado.

Também foi preso o procurador Ângelo Goulart, da Procuradoria-Geral Eleitoral, suspeito de se infiltrar em investigação relacionada à JBS.

A PGR chegou a pedir a prisão do senador Aécio Neves, mas o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato no STF, negou o pedido. O caso só será levado para deliberação do plenário do STF se houver um recurso da PGR, o que ainda não ocorreu. Na decisão, Fachin proibiu Aécio de ter contato com qualquer outro investigado e de deixar o país.

Fachin, do STF, reproduziu diálogos entre Aécio e o empresário Joesley Batista, no documento em que decidiu pelo afastamento do tucano do Senado. O tucano fala com o empresário sobre os rumos da Lava-Jato e cogita maneiras de deter a operação. Joesley gravava a conversa sem que o senador mineiro soubesse.

Em nota, Aécio disse que se afastará da presidência do partido para provar sua inocência, a de seus familiares e “resgatar a honra e a dignidade que construiu em mais de 30 anos de vida dedicada à política”. O deputado Carlos Sampaio (SP) assume interinamente para um mandato tampão até que haja eleição, quando  o senador Tasso Jereissati deve ser o eleito.

Outros alvos foram Altair Alves Pinto, homem de confiança de Cunha que teria recebido repasses destinados ao ex-deputado, e o coronel João Baptista Lima Filho, ligado a Temer. Houve busca e apreensão na casa dos dois, mas nenhum deles foi detido. Entre o material coletado pela PF estão R$ 2 milhões em dinheiro vivo, sendo R$ 1,6 milhão encontrado na casa da irmã de Funaro. (Da redação com agências)