CRISE NO PLANALTO » Mais uma nova semana decisiva para Temer Presidente se reuniu com aliados ontem em Brasília para traçar os passos diante da denúncia da PGR

Publicação: 26/06/2017 03:00

Mergulhado em uma crise política que parece não ter fim, o governo de Michel Temer inicia mais uma de tantas semanas decisivas que vem enfrentando nos últimos meses. Com a iminente denúncia do procurador-geral (primeira a um presidente da República em exercício), o peemedebista se agarra à base aliada como se nela visse um bote salva-vidas durante forte tormenta. Alguns desses aliados estiveram reunidos ontem à noite com presidente no Palácio da Alvorada. No cardápio, as costuras para garantir os 172 votos necessários para derrubar a denúncia de Rodrigo Janot no plenário da Câmara dos Deputados.

Marcaram presença, o advogado de Temer, Gustavo Guedes, o líder do governo no Congresso, André Moura, o deputado Aguinaldo Ribeiro, além dos ministros Torquato Jardim (Justiça), Moreira Franco (Secretaria-Geral), Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Aloísio Nunes (Relações Exteriores).

No Planalto, há uma ala que se mostra otimista em relação ao poder do governo em derrubar as denúncias na Câmara, mas alguns auxiliares já admitem que “na Câmara nada é tranquilo”.

A denúncia será tratada como prioridade na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), onde o governo tem maioria, mas não folgada. Se Janot optar por fatiar a denúncia, os pedidos devem, a princípio, ter tramitação em separado.

Corrupção
Pesquisa Datafolha publicada no sábado mostrou que 83% dos entrevistados considera que o presidente Michel Temer teve participação direta “nos esquemas de corrupção descobertos pela Lava-Jato com a gravação dos donos do JBS”. Na mesma pesquisa, para 81%, os empresários Joesley e Wesley Batista deveriam ter sido presos pelos crimes que cometeram nos últimos anos. Os dois obtiveram imunidade penal ao fazer acordo de delação premiada com a PGR.

Joesley gravou uma conversa que teve com Temer em março, no Palácio do Jaburu. Na ocasião, Joesley indicou que fazia pagamentos ao deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e ao corretor Lúcio Funaro para evitar que os dois assinassem um acordo de colaboração com a Lava-Jato. No diálogo, Joesley diz ter zerado “pendências” com Cunha a fim de manter bom relacionamento com o deputado cassado. Temer, neste momento, responde: “Tem que manter isso, viu?”. Joesley acrescenta: “Todo mês”.

A gravação é a principal prova entre as que embasarão a denúncia contra Temer que a PGR deve apresentar até amanhã.

O levantamento do Datafolha revelou ainda que, após a revelação dos detalhes da delação dos donos da JBS, a avaliação positiva do governo Temer oscilou negativamente de 9% para 7%. Trata-se do menor índice dos últimos 28 anos, segundo a série histórica de pesquisas do instituto. Desde abril, a parcela da população que considera o governo ruim ou péssimo subiu de 61% para 69%. (Da redação com AE)