Intervenção teria que ser 'pedida'

Publicação: 21/09/2017 03:00

Em palestra na mesma loja maçônica em que o general Antonio Hamilton Mourão falou em “impor uma solução” para a crise política no país, o comandante do Exército, Eduardo Villas Bôas, disse que uma “intervenção” militar poderia ocorrer a partir de uma iniciativa do Executivo, Legislativo ou Judiciário, mas que as Forças Armadas pretendem ser “protagonistas silenciosos” da crise. “Poderemos, eventualmente, ser empregados, mas sempre condicionados por princípios legais e como reza o artigo 142 (da Constituição), por iniciativa de um dos Poderes. E pagamos um preço caro até hoje exatamente por, em alguns eventos, não termos observado esse princípio”, disse o general na palestra.

A reportagem indagou, por meio da assessoria do Exército, que “eventos” seriam esses, e se incluíam o golpe militar de 1964, e também pediu que o general comentasse trechos do seu pronunciamento, mas não houve resposta até a conclusão deste texto.

A referência do comandante ao artigo 142 da Constituição é uma interpretação de Villas Bôas sobre o texto, que nada fala sobre “intervenção militar”, expressão inexistente na Carta. O artigo se refere a operações para garantia de lei e da ordem, como as realizadas atualmente no Rio de Janeiro para combate ao crime organizado.

A palestra de Villas Bôas ao grupo da maçonaria Grande Oriente do Brasil ocorreu em 17 de março, seis meses antes da fala de Mourão, na sexta-feira passada.

A Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou ontem um requerimento para ouvir esclarecimentos do general do Exército Antonio Hamilton Mourão. A oitiva do general da ativa não tem caráter obrigatório. (Folhapress)