Lula afirma ter recibos de aluguel originais Ex-presidente entregará os comprovantes ao juiz Sérgio Moro, mas quer presença de um perito

Publicação: 12/10/2017 03:00

A defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ontem ter apresentado nove motivos “que demonstram” um suposto “erro dos procuradores” da Operação Lava-Jato “ao sustentar a falsidade” dos recibos do aluguel do imóvel vizinho ao apartamento de Lula em São Bernardo, visto pela força-tarefa como uma forma de propina da Odebrecht ao ex-presidente. A defesa afirma ter “vias originais de todos os documentos já apresentados, além de outros seis recibos de 2011 que também foram localizados, que serão apresentados para que possam, se o caso, serem submetidos à perícia”.

A força-tarefa da Lava-Jato abriu uma investigação por meio de incidente de falsidade sobre os recibos de aluguel do apartamento 121 do edifício Hill House, em São Bernardo do Campo, vizinho à residência de Lula. Para a Procuradoria da República em Curitiba, a Odebrecht custeou a compra do apartamento, em nome de Glaucos da Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente. Na mesma ação, ele responde por também ter supostamente recebido da empreiteira terreno onde seria sediado o Instituto Lula, no valor de R$ 12,5 milhões.

A Lava-Jato afirma que não houve pagamento de aluguel entre fevereiro de 2011 e pelo menos novembro de 2015, do imóvel vizinho a Lula, em São Bernardo. No dia 25 de setembro a defesa do ex-presidente apresentou documentos que contestam a versão dos procuradores.

Os advogados de defesa do ex-presidente alegaram ontem que o “contrato de locação firmado entre o Sr. Glaucos e D. Marisa e os recibos correspondentes foram apresentados em Juízo exatamente como foram encontrados, conforme declarações das pessoas que participaram das diligências, registradas em ata notarial”. “O contador Muniz Leite emitiu declaração esclarecendo, dentre outras coisas, que (1) também era contador do Sr. Glaucos; (2) que recebia ‘das mãos’ de Glaucos e ‘periodicamente’ os recibos de locação no período questionado (2011 e 2015); e, ainda, que (3) que em 2015 esteve com o Sr. Glaucos para pegar sua assinatura em recibos relativos ‘a alguns meses’ que haviam sido entregues, por um lapso, sem assinatura”, alegam.

Cristiano Zanin Martins, defensor de Lula, também diz que pediu a Moro “por cautela e se possível, que seja designada audiência formal para entrega desses documentos com a presença de perito ou de serventuário habilitado que possa constatar o estado do material nesse momento (ausência de rasuras)”. “A defesa tem segurança de que a perícia irá reafirmar que os documentos são autênticos e que foram assinados pelo proprietário do imóvel e locador, como já constatado em exames prévios”.

Visitas
O Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, onde o empresário Glaucos da Costamarques esteve internado em dezembro de 2015, confirmou visitas do contador João Muniz Leite e afirmou que o nome do advogado Roberto Teixeira não consta nos registros. O empresário afirma que só passou a receber os aluguéis do apartamento ao final de 2015. Costamarques diz que todos os recibos foram assinados no mesmo dia, em dezembro de 2015, quando estava internado no hospital Sírio-Libanês. Segundo ele, após visita de Roberto Teixeira, advogado e amigo do ex-presidente, o contador João Leite teria ido ao hospital recolher sua assinatura. (Agência Estado e Folhapress)