Bouchabki: 'Eu sofri um bombardeio'

Publicação: 10/02/2018 03:00

Jorge Bouchabki guardou durante anos tudo o que era publicado sobre ele. Acumulou recortes de jornais e revistas. Pensou em processar os autores das reportagens, mas preferiu não levar adiante. “Joguei tudo fora anos atrás, nem me lembro quando.” Mas conserva na memória boa parte das matérias. “Eu sofri um bombardeio. Um dia um perito foi em casa e achou uma mancha azul num colchão que ficava embaixo da minha cama. Era uma mancha de caneta que tinha estourado, mas na imprensa saiu que a perícia tinha achado uma mancha no meu quarto que podia ser de sangue dos meus pais”, diz.

“Outra vez um policial entrou no sótão de casa e sujou a camisa nas paredes empoeiradas. Tirou a camisa e saiu de casa com ela na mão, vestido apenas com a camiseta que estava por baixo. No dia seguinte havia uma matéria dizendo que a polícia achou uma camisa com vestígios de sangue no meu quarto”. Ele reclama até da maneira como o identificaram nas reportagens.

“Eu nunca fui chamado de Jorginho. O meu apelido em casa e com os amigos era Ginho. Esse negócio de Jorginho foi invenção de jornalistas. Eu odeio ser chamado assim”, diz. “Por isso eu peguei aversão a policial, promotor e a jornalista.” Profissão Em 2010, porém, a família de um delegado preso numa operação da Polícia Federal bateu à sua porta. No primeiro encontro com o cliente preso, foi perguntado pelo policial o que achava da profissão que ele exercia.

“Eu disse que não gostava e contei o que tinha acontecido com minha vida, mas que iria defendê-lo da melhor forma”, diz. “No final das contas, o caso era uma enorme injustiça contra ele, que foi absolvido em segunda instância nos sete processos. Hoje somos amigos”, disse. “A vida é redonda”, arremata. (Wálter Nunes, da Folhapress)