Indefinido, PT se mostra cada vez mais rachado Nome para concorrer ao governo do estado - ou se terá um candidato - está longe de ser um consenso

Cláudia Eloí
claudia.eloi@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 20/04/2018 09:00

As brigas internas do PT de Pernambuco que costumavam extrapolar os muros, mas que por um curto espaço de tempo ficaram contidas em nome da unidade do partido, voltaram a ser expostas ontem. A contagem regressiva em torno de candidatura própria para o governo do estado se transformou no “estopim” para a mais recente fratura da legenda. Ontem, o vice-presidente estadual do PT e integrante da comissão eleitoral do partido, Oscar Barreto, afirmou que a candidatura própria nunca entrou na prioridade do PT e que não passa de “factoide” a informação de que a vereadora Marília Arraes é a pré-candidata oficial da sigla. “Lula nunca pediu para termos um candidato único no estado. Temos três nomes colocados”, afirmou.

Ontem, Oscar defendeu abertamente a política de alianças com outras forças políticas em Pernambuco, assegurando que o ex-presidente Lula, preso desde o dia 7 de abril em Curitiba, precisa de alianças com as legendas que defendem a democracia, a candidatura do ex-presidente e estejam contra os setores reacionários do país. Em sua avaliação, Lula não precisa apenas do PT e sim de outros partidos em torno dele. “Lula necessita de todo mundo. Vamos defender alianças com as legendas do campo da democracia e da defesa do ex-presidente. Isso inclui o PDT, PCdoB, PSol e PSB e a reeleição de Paulo Câmara”, assegurou.

Além de Marília Arraes, estão na disputa pelo PT para o governo do estado o deputado Odacy Amorim e o sindicalista José de Oliveira. De acordo com Oscar, não há crime no fato do PT fazer aliança em Pernambuco. “Para Lula o que importa é a união política e a soma do conjunto de partidos de esquerda. Lula não disse para os partidos tirarem suas candidaturas (presidenciais). É importante que o conjunto dessas forças possa eleger um maior número de deputados, senadores e governadores. Isso é estratégico para liberdade de Lula’’, enfatizou o petista.

Integrante do PT desde a sua fundação há 38 anos, Oscar disse, ainda, que não reconhece tradição dos que estão, na sua avaliação, levando o partido para o sectarismo. “Há um conjunto (grupo de Marília) de pessoas que não ajudou a manter a unidade do partido. O que fizeram com João Paulo foi um escárnio. Como Marília pensa em se eleger governadora com brigas e disputas no PT e trazendo a desunião? Aqueles que querem levar o PT para o sectarismo e abismo não têm história política de que dê a eles credencial para isso”, condenou Oscar.

Por telefone, Marília Arraes rebateu as críticas do correligionário, afirmando que em momento algum se colocou como candidatura exclusiva do PT. Para ela, Oscar perdeu o tempo de colocar suas posições na defesa de uma aliança com o PSB no estado. “O PT tem três candidatos. O prazo para apresentação de políticas de alianças se encerrou no dia 23 de fevereiro. Essa hipótese está exaurida. Não está na pauta do partido a discussão sobre política de aliança e sim a definição do nome para concorrer ao governo. Todo mundo tem o direito de manifestar a sua opinião e a base do PT já decidiu que não quer aliança”, enfatizou a vereadora.