CRISE DOS COMBUSTÍVEIS » Na base do crédito de confiança Os quatro dias de paralisação dos caminhoneiros foram suficientes para provocar o caos no país, forçando assim o Planalto a dar mais garantias à categoria

Publicação: 25/05/2018 08:30

Após uma paralisação de quatro dias que provocou desabastecimento e caos em todo o país, as lideranças dos caminhoneiros decidiram suspender, por pelo menos 15 dias, seu movimento, mas ainda esperam o aval da categoria. O acordo foi anunciado na noite de ontem pelo governo. Depois desses 15 dias, haverá uma nova reunião entre caminhoneiros e governo para avaliar se as promessas estão sendo cumpridas.

A proposta aceita pelas entidades para uma trégua na paralisação prevê que o preço do óleo diesel ficará fixo em R$ 2,10 o litro. Isso não significará, porém, uma mudança na política de preços da Petrobras, que atrela a variação dos combustíveis no Brasil ao mercado internacional. O que o governo vai fazer é compensar a estatal, mês a mês. Se o petróleo subir, a Petrobrás recebe a diferença. Se cair, o Tesouro Nacional fica com um crédito.

A União Nacional dos Caminhoneiros  e a Associação Brasileira dos Caminhoneiros não assinaram o documento. Mesmo com a suspensão da greve, a normalização do abastecimento pelo país ainda deve demorar. (Agência Estado)

Os pontos do acordo

Pela proposta, o governo federal assume os seguintes compromissos:

  • Reduzir a zero a alíquota da Cide, em 2018, sobre o óleo diesel, bem como as necessárias providências decorrentes dessa medida;
  • Manter a redução de 10% no valor do óleo diesel a preços na refinaria, já praticados pela Petrobras, nos próximos trinta dias, considerando as necessárias compensações financeiras pela União à Petrobras, no intuito de garantir a autonomia da estatal;
  • Assegurar a periodicidade mínima de 30 dias para eventuais reajustes do preço do óleo diesel na refinaria, a partir do preço definido pelo critério do item b, considerando as necessárias compensações financeiras pela União à Petrobras, no intuito de garantir a autonomia da estatal;
  • Reeditar, no dia 1º de junho de 2018, a Tabela de Referência do frete do serviço do transporte remunerado de cargas por conta de terceiro, bem como mantê-la atualizada trimestralmente, pela ANTT;
  • Promover gestão junto aos estados da federação, para implementação da isenção da isenção da tarifa de pedágio prevista no art. 17 da Lei nº 13.103, de 2015 (não cobrança sobre o eixo suspenso em caminhões vazios). Em não sendo bem sucedida a tratativa administrativa com os estados, a União adotará as medidas judiciais cabíveis;
  • Editar medida provisória, em até quinze dias, para autorizar a Conab a contratar transporte rodoviário de cargas, dispensando-se procedimento licitatório, para até 30% de sua demanda de frete, para cooperativas ou entidades sindicais da categoria dos transportadores autônomos;
  • Não promover a reoneração da folha de pagamento do setor de transporte rodoviário de cargas;
  • Requerer a extinção das ações judiciais possessórias, ou de qualquer outra natureza, propostas pela União em face das entidades relacionadas com o movimento paredista de caminhoneiros de que trata este termo;
  • Informar às autoridades de trânsito competentes acerca da celebração do presente Termo, para instrução nos eventuais processos administrativos instaurados em face das entidades ou de seus associados em decorrência de atos praticados no curso do movimento paredista;
  • Manter com as entidades reuniões periódicas para acompanhamento do adimplemento dos compromissos estabelecidos neste Termo, ficando desde já estabelecido o prazo de quinze dias para a celebração do próximo encontro;
  • Buscar junto à Petrobras a oportunização aos transportadores autônomos à livre participação nas operações de transporte de cargas, na qualidade de terceirizados das empresas contratadas pela estatal;
  • Solicitar à Petrobras que seja observada a Resolução/ANTT nº 420, de 2004, no que diz respeito à renovação da frota nas contratações de transporte rodoviário de carga.