Uma pausa para a pacificação

Publicação: 19/05/2018 09:00

A polarização entre as forças políticas de Caruaru ganhou força a partir de 1988, quando o movimento da redemocratização eclodiu no país. Na época, os confrontos se davam entre os Lyra e as forças aliadas ao ex-prefeito Drayton Nejaim. Naquele ano, a campanha pelo comando do município aconteceu em uma disputa acirrada entre José Queiroz e João Lyra Neto. A eleição foi conquistada por João Lyra, na época filiado ao PMDB e tendo como vice Jorge Gomes. Tony Gel também concorreu ao cargo, mas não teve forças para vencer os adversários. No entanto, o nome dele ascendeu na política local e anos depois, em 2000, conseguiu se eleger para o primeiro mandato de prefeito da Capital do Agreste.

As desavenças entre os grupos políticos do município ficaram evidente ao longo dos anos, mas, atualmente, os detentores do poder procuram amenizar os fatos ocorridos no passado. Recentemente, em uma entrevista à Rádio Liberdade, Tony Gel foi surpreendido com a visita do exprefeito José Queiroz, um adversário histórico. “Ninguém é prefeito quatro vezes de uma cidade importante como Caruaru por acaso”, elogiou o deputado, acrescentando que, se fosse analisar os desentendimentos do passado, tanto ele quanto Queiroz, teriam que pedir desculpas pela troca de farpas.

“Hoje estamos mais pacificados. Temos uma boa relação com Raquel (Lyra) e Tony Gel e há muitos anos somos aliados de Jorge Gomes. Já houve muito acirramento, mas agora a situação está mais tranquila”, comenta o deputado federal Wolney Queiroz (PDT), filho de José Queiroz e eleito para o primeiro mandato eletivo (vereador de Caruaru) em 1993.

A deputada Laura Gomes (PSB), ao falar sobre o conflito entre os grupos locais, lembra que, na eleição de Paulo Câmara, em 2014, todos ficaram juntos em defesa do socialista, exceto Raquel Lyra que, no PSDB, migrou para  oposição. “Na política tem esse dinamismo”, observa.

O apoio a Paulo Câmara, no entanto, aconteceu com eventos separados e organizados pelos aliados do socialista. Tony Gel, por exemplo, trabalhou na campanha realizando atos independentes com reuniões e encontros com os correligionários da Frente Popular e longe do raio de alcance dos grupos liderados por João Lyra Neto e José Queiroz.

Já na eleição municipal de 2016, já no campo adversário ao governador Paulo Câmara, Raquel Lyra (PSDB) derrotou Tony Gel no segundo turno da eleição, contando, inclusive, com o apoio de Wolney Queiroz. Ela conquistou o mandato com a ajuda do ex-ministro das Cidades (do Governo Temer) Bruno Araújo e do senador Armando Monteiro Neto (PTB), um aliado da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).