Investidores e economistas divididos com discurso

Publicação: 23/01/2019 03:00

O economista-chefe da IHS Markit, Nariman Behravesh, disse que o discurso de Bolsonaro foi “um pouco decepcionante”, mas em termos gerais foi “muito encorajador”, especialmente em relação à agenda econômica. A consultoria inglesa Capital Economics escreveu em relatório que o discurso sugere que a abertura do país ao comércio internacional será uma das maiores prioridades do governo. Já a ausência de menções específicas a medidas para estabilizar as deterioradas contas fiscais do País pode ser um indício de que seu comprometimento com o ajuste fiscal não será tão forte como se espera. “Ficou claro que o liberalismo comercial será uma prioridade”, diz o relatório. “Se Bolsonaro não revelar mais detalhes rapidamente de como ele planeja lidar com os desafios fiscais, parte de seu brilho vai começar a se reduzir”, acrescenta.

Executivos brasileiros elogiaram a participação de Bolsonaro e de Guedes no Fórum. “Ele falou o que precisava ser falado. É um discurso sereno, tranquilo, de quem está confiante no que ele pode fazer no Brasil. Não dava para esperar qualquer outra coisa, o discurso tinha que ser esse mesmo”, disse o presidente do Bradesco Octavio de Lazari Junior.

Mas Bolsonaro passou longe de ser unanimidade. “O Brasil é um grande país. Merece alguém melhor”, disse o americano Robert Shiller, prêmio Nobel de Economia. “Ele me dá medo”, insistiu. O americano lembrou que também ouviu um discurso moderado por parte de Donald Trump, presidente dos EUA.

“Vi Viktor Orban (presidente da Hungria) em um discurso e ele também parecia moderado e razoável”, apontou. Após tecer vários comentários surpreendentes a respeito de lideranças mais à direita no mundo, incluindo Bolsonaro, ainda rindo disse: “Eu tenho que parar de falar. Não posso falar sobre o Brasil de novo”.

O presidente da Iberdrola, José Ignacio Galán, acredita que o discurso serviu para deixar claro “o que o governo pensa”. “Sinto pelos jornalistas, que não têm muitas manchetes”, disse. “Ele deu uma visão bastante técnica. Também falou de como quer as contas do país estabilizadas e, acima de tudo, que quer transformar o Brasil num dos 50 melhores lugares para se fazer negócios.” (Agência Estado)