Renan Calheiros indicado ao Senado

Publicação: 01/02/2019 03:00

Após uma tensa reunião, o senador Renan Calheiros (AL) foi anunciado como candidato do MDB à presidência do Senado, derrotando por sete votos a cinco a colega Simone Tebet (MS), que também disputava a indicação do partido. A eleição de hoje na Casa deve ser a mais disputada desde a redemocratização, com oito candidatos. Renan tenta se eleger pela quinta vez para a presidência do Senado.

Após o resultado, Renan evitou dar entrevistas. Ele foi questionado se o desfecho dividia a bancada. “Não sou eu que tenho que responder essa pergunta”, disse. Em seguida, foi questionado sobre sua experiência à frente do MDB. “A política é tão complexa que só a experiência não basta.” Ao longo do dia, senadores contrários à candidatura de Renan tentaram chegar a um acordo para a unificação em torno de um único nome que pudesse enfrentar o parlamentar alagoano na eleição interna, sem sucesso. Em dois encontros, nenhum dos adversários fez o movimento para abdicar da intenção de concorrer em nome de algum outro.

Também devem disputar o cargo Alvaro Dias (Podemos-PR), Ângelo Coronel (PSD-BA), Davi Alcolumbre (DEM-AP), Esperidião Amin (PP-SC), José Reguffe (Sem partido-DF), Major Olímpio (PSL-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-CE). A acirrada disputa resvalou para o presidente Jair Bolsonaro, que telefonou para os outros sete candidatos após a má repercussão da ligação que fez para parabenizar Renan e solicitar um encontro com o senador.

Logo após os debates do MDB, os parlamentares da bancada do MDB sugeriram que Renan e Simone tentassem se entender para que o partido não precisasse deliberar sobre o assunto. Simone se recusou a conversar separadamente com o colega sob a justificativa de que já tinham discutido o assunto em outras oportunidades. Por causa disso, os senadores tiveram de votar, sendo que a maioria optou por usar uma cédula para voto secreto Outro golpe importante na candidatura de Simone foi a ausência do senador Jarbas Vasconcelos (MDB-PE), que faltou à reunião. Ele havia dito, publicamente, que preferia a candidatura dela, mas não apareceu para votar como havia indicado.

Na versão de aliados de Simone, Jarbas estava em Brasília e, mesmo assim, não apareceu. A suspeita, disseram emedebistas vencidos, é de que Jarbas teria faltado por dever a Renan sua permanência no partido, durante as negociações para a filiação do senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), um concorrente em seu Estado. Procurado, ele justificou a ausência dizendo que vai votar no candidato tucano. “Meu voto sempre foi aberto. Voto no senador Tasso Jereissati para presidir o Senado”, disse. Ao final, Simone negou que vá se lançar como candidata avulsa porque não tem um partido que a apoie. “A minha candidatura avulsa só complicaria o processo para qualquer lado.”

A escolha para a diputa no Senado foi apenas um dos acontecimentos de um dia movimentado e tenso para Renan. A Folha de S.Paulo publicou aúdios gravados em 2014, por interceptação telefônica da Polícia Federal, nos quais o senador conversa com o empresário Joesley Batista, da JBS, sobre quem deveria ser indicado ao Ministério da Agricultura no segundo mandato da ex-presidente Dilma Rousseff. A JBS teria pagado milhões de reais para ajudar na eleição de deputados e senadores de seu interesse naquele ano e Renan é suspeito de receber R$ 9,9 milhões em caixa 2. À Folha, ele disse que as gravações não o incriminam.