Chefe do MP-SP alerta para brechas em favor do PCC

Publicação: 18/07/2019 03:00

O chefe do Ministério Público de São Paulo (MP-SP), Gianpaolo Smanio, afirmou ontem que a decisão de Dias Toffoli deve paralisar investigações relevantes no estado envolvendo, inclusive, a maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC). O procurador-geral de Justiça criou um grupo de trabalho para levantar quantos e quais inquéritos serão afetadas pela decisão de Toffoli em todo o estado.

“Isso tudo tem um alcance muito grande, pode afetar todas as investigações que envolvem lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas, tráfico de drogas e pessoas e o crime organizado das mais variadas formas, inclusive o PCC”, afirmou Smanio.“Vamos ter de parar tudo por quatro meses e depois ver se pode continuar”, afirmou Smanio, para quem a decisão de Toffoli foi muito ampla.

O chefe do MP paulista destaca que o compartilhamento de dados fiscais e bancários tem amparo legal, um protocolo de funcionamento e segue tratados internacionais sobre a defesa da ordem econômica e dos quais o Brasil é signatário.

REDE
A Rede vai recorrer ao STF da decisão, apresentando ao tribunal uma ADPF (Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental) e pedirá que o caso seja redistribuído a outro ministro em agosto, quando o STF volta do recesso.

Desagrado
A decisão de Dias Toffoli levou a hashtag #ForaToffoli ao primeiro lugar dos assuntos mais debatidos no Twitter na manhã de ontem. Na rede social, tanto internautas que apoiam o governo como aqueles de oposição utilizam a hashtag para criticar a decisão do ministro. Os apoiadores da gestão de Bolsonaro acusam Toffoli de tentar ampliar o cerco contra a Lava-Jato, já que a decisão não afeta apenas o caso do senador.

A militância virtual favorável ao governo afirma que a decisão de Toffoli tem o objetivo de acabar com o combate à corrupção no país, e Flávio é o “bode expiatório” para “enganar a população”. Outro grupo de internautas, menor, afirma que a defesa de Flávio já havia feito o pedido desde o começo da investigação, mas que Toffoli só teria aceitado agora para evitar que o jornalista Glenn Greenwald, fundador do The Intercept Brasil, tenha suas finanças investigadas.

Já os internautas críticos ao governo acusam Toffoli de ter tomado a decisão com o objetivo de “blindar” o senador, ironizando o discurso de Jair Bolsonaro de que sua gestão seja um exemplo de “nova política”. (Da Agência Estado)