Bolsonaro e a "velha política" com o Centrão Presidente confirmou ontem que alguns cargos foram oferecidos aos partidos de centro em troca de base política, mas garantiu: "Temos filtro"

Ingrid Soares
do Correio Braziliense

Publicação: 12/04/2022 03:00

O presidente Jair Bolsonaro (PL) reconheceu que ofereceu cargos ao Centrão em troca de uma base política no Congresso. A declaração ocorreu em entrevista ao podcast Irmãos Dias. “Para aprovar qualquer coisa, em especial uma PEC, passa por eles. Agora, nosso relacionamento não é como no passado. Alguns cargos foram dados para partidos de centro, sim, não vou negar isso aí. Mas temos filtros”, alegou. Em julho do ano passado, Bolsonaro se aproximou ainda mais do Centrão com a indicação do senador Ciro Nogueira (PP-PI) para a Casa Civil.
 
Se na pré-eleição de 2018, o presidente levantou a bandeira do afastamento da velha política e se mostrava crítico ao grupo, ao se ver ameaçado por pedidos de impeachment, queda de popularidade e visando ainda emplacar projetos e aprovações de nomes para o Supremo Tribunal Federal, o chefe do Executivo concedeu lugar de honra em seu governo para o bloco.
 
Na ocasião, Bolsonaro defendeu que a nomenclatura “Centrão” é um nome pejorativo e disse: “Eu sou do Centrão, nasci lá”. Na sexta-feira passada, ainda em aceno ao eleitorado, o presidente alegou que a aproximação com o bloco é necessária por conta da “governabilidade”.
 
Ele destacou que é “obrigado” a formar a coalizão e que, “com apenas 150 deputados, não iria a lugar nenhum”. Para a população em geral que estranha a aliança, ele justificou que, “se alguém tem alguma bronca contra algum parlamentar, foram vocês que colocaram eles aqui dentro”.
 
Guedes fica

Bolsonaro afirmou que o ministro da Economia, Paulo Guedes, deve continuar no comando da pasta em um eventual segundo mandato. Porém, destacou que é necessário consultar o “Posto Ipiranga” para saber se há interesse da parte dele em continuar no cargo no próximo ano. “Ele tem muito crédito. Tem que ver se ele quer continuar, como qualquer outro ministro. A princípio, ele continua, sem problema nenhum”, afirmou.
 
“O Paulo Guedes foi uma pessoa que foi fantástica por ocasião da pandemia. Eu não sei como o Brasil estaria se não fosse uma pessoa da firmeza dele. Então, ele tem muito crédito. Tem que ver se ele quer continuar também, como qualquer outro ministro. A princípio, ele continua sem problema nenhum.” Em 25 de março, Bolsonaro elogiou Guedes afirmando que a economia não colapsou por conta do trabalho realizado por ele.
 
“Em grande parte, a economia não colapsou graças ao seu trabalho. Tivemos momentos de tensão por várias vezes, ali, na sala da Presidência. Porque o político, por vezes, quer o imediatismo. E ele segurou muita onda”, afirmou,  época.