Novos nomes, sobrenomes antigos
Eleição para o governo do estado deste ano tem uma parcela grande de pré-candidatos jovens, mas herdeiros de políticos que já tiveram longa carreira em Pernambuco
Nathália Monte
politica@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 18/07/2022 03:00
Arraes, Coelho, Lyra e Ferreira. À parte suas atuações políticas, os sobrenomes de quatro dos principais pré-candidatos ao governo de Pernambuco chegam antes e não sem razão. Todos circulam no estado há décadas. “Uma presença forte da constituição de núcleos políticos a partir da construção familiar é uma característica da cultura política brasileira, mas, muito claramente, é uma forma de atuação política do estado de Pernambuco”, afirma a cientista política Priscila Lapa.
Oligarquias estão presentes no Brasil desde o período colonial e continuam a ocupar espaços.“As pessoas rapidamente associam os candidatos das novas gerações das famílias aos feitos do seus antepassados, o que diminui consideravelmente os custos dos candidatos de terem que se tornar conhecidos. Isso ocorre em eleições majoritárias e também nas proporcionais”, explica o cientista político Amarílio Carvalho, que afirma que muitas pessoas de fora da região pensam tratar-se de uma característica exclusivamente nordestina.
No estado de Minas Gerais se vê uma tradição dos Neves, com figuras como o ex-presidente Tancredo Neves e seu neto, Aécio Neves. São Paulo tem outro exemplo de uma oligarquia de décadas com a presença dos Covas: Mário Covas, Mário Covas Neto e Bruno Covas.
Os principais pré-candidatos ao governo de Pernambuco são herdeiros de extensos legados políticos. Somente Miguel Arraes, avô de Marília Arraes (Solidariedade), foi três vezes governador de Pernambuco, além de seus mandatos como prefeito do Recife, deputado federal e estadual. João Lyra Neto, pai de Raquel Lyra (PSDB), foi vice-governador, deputado estadual e prefeito de Caruaru. Apesar de Manoel Ferreira e Fernando Bezerra Coelho, pais de Anderson Ferreira (PL) e Miguel Coelho (União Brasil), respectivamente, não terem assumido o executivo estadual, o primeiro tem o histórico de 7 mandatos consecutivos como deputado estadual e o segundo foi três vezes prefeito de Petrolina, senador, deputado federal e estadual.
Incentivo
Carvalho cita o acesso aos recursos e às cúpulas dos partidos políticos que pessoas como os principais pré-candidatos ao executivo estadual têm. “O fato de ter, como familiar, um figurão da política, diminui sensivelmente, para o candidato, os custos de construir uma candidatura competitiva”. Lapa explica que não há construção de novas alternativas políticas, com possibilidades vindas da sociedade civil e do empresariado, por exemplo.
Apesar de não estar na disputa pela cadeira do executivo pernambucano, Priscila Krause, que vem acompanhado fielmente Raquel Lyra em vários compromissos políticos, também é outro exemplo. A deputada estadual é filha do ex-prefeito do Recife e ex-governador do estado, Gustavo Krause. “O que é que é ruim disso: é que a gente fecha realmente os quadros políticos para possibilidades de outros grupos trazerem novas ideias, a gente fica com um modelo de atuação engessado, muito arraigado ao tradicionalismo”, explica Lapa.
Exceção
Dos cinco pré-candidatos melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto, o deputado federal Danilo Cabral (PSB) é o único que não tem familiares com histórico político no estado. Natural de Surubim, é advogado e está no terceiro mandato consecutivo na Câmara dos Deputados. Eleito pela primeira vez em 2010, foi reeleito em 2014 e em 2018. Antes disso, foi vereador do Recife.
Oligarquias estão presentes no Brasil desde o período colonial e continuam a ocupar espaços.“As pessoas rapidamente associam os candidatos das novas gerações das famílias aos feitos do seus antepassados, o que diminui consideravelmente os custos dos candidatos de terem que se tornar conhecidos. Isso ocorre em eleições majoritárias e também nas proporcionais”, explica o cientista político Amarílio Carvalho, que afirma que muitas pessoas de fora da região pensam tratar-se de uma característica exclusivamente nordestina.
No estado de Minas Gerais se vê uma tradição dos Neves, com figuras como o ex-presidente Tancredo Neves e seu neto, Aécio Neves. São Paulo tem outro exemplo de uma oligarquia de décadas com a presença dos Covas: Mário Covas, Mário Covas Neto e Bruno Covas.
Os principais pré-candidatos ao governo de Pernambuco são herdeiros de extensos legados políticos. Somente Miguel Arraes, avô de Marília Arraes (Solidariedade), foi três vezes governador de Pernambuco, além de seus mandatos como prefeito do Recife, deputado federal e estadual. João Lyra Neto, pai de Raquel Lyra (PSDB), foi vice-governador, deputado estadual e prefeito de Caruaru. Apesar de Manoel Ferreira e Fernando Bezerra Coelho, pais de Anderson Ferreira (PL) e Miguel Coelho (União Brasil), respectivamente, não terem assumido o executivo estadual, o primeiro tem o histórico de 7 mandatos consecutivos como deputado estadual e o segundo foi três vezes prefeito de Petrolina, senador, deputado federal e estadual.
Incentivo
Carvalho cita o acesso aos recursos e às cúpulas dos partidos políticos que pessoas como os principais pré-candidatos ao executivo estadual têm. “O fato de ter, como familiar, um figurão da política, diminui sensivelmente, para o candidato, os custos de construir uma candidatura competitiva”. Lapa explica que não há construção de novas alternativas políticas, com possibilidades vindas da sociedade civil e do empresariado, por exemplo.
Apesar de não estar na disputa pela cadeira do executivo pernambucano, Priscila Krause, que vem acompanhado fielmente Raquel Lyra em vários compromissos políticos, também é outro exemplo. A deputada estadual é filha do ex-prefeito do Recife e ex-governador do estado, Gustavo Krause. “O que é que é ruim disso: é que a gente fecha realmente os quadros políticos para possibilidades de outros grupos trazerem novas ideias, a gente fica com um modelo de atuação engessado, muito arraigado ao tradicionalismo”, explica Lapa.
Exceção
Dos cinco pré-candidatos melhores colocados nas pesquisas de intenção de voto, o deputado federal Danilo Cabral (PSB) é o único que não tem familiares com histórico político no estado. Natural de Surubim, é advogado e está no terceiro mandato consecutivo na Câmara dos Deputados. Eleito pela primeira vez em 2010, foi reeleito em 2014 e em 2018. Antes disso, foi vereador do Recife.
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