Segundo turno com duelo entre João e Raquel Para alguns cientistas políticos, apoios do prefeito do Recife e da governadora, em Olinda e Paulista, já podem significar a "pré-campanha" para 2026

Mareu Araújo

Publicação: 21/10/2024 03:00

As cidades de Paulista e Olinda têm um segundo turno definido no que parece ser mais um confronto entre a governadora Raquel Lyra (PSDB) e o prefeito reeleito do Recife, João Campos (PSB). Isto porque ambos declararam apoio a candidatos opostos nas cidades, uma ação que para alguns cientistas políticos significa o início da pré-campanha para o governo de Pernambuco, nas eleições de 2026.  

“As eleições municipais deste ano de Pernambuco foram estadualizadas no sentido do debate político e nas estratégias do candidato. Houve uma polarização interna, digamos assim, entre a governadora Raquel Lyra e João Campos, para medir forças dentro dos apoios que têm nas demais cidades e que vão mapear e estruturar o palanque deles”, pontua o cientista político Felipe Ferreira.

Ao longo da última semana, por exemplo, João Campos participou de caminhadas ao lado de Júnior Matuto (PSB), candidato a prefeito em Paulista, e apareceu na propaganda política de Vini Castello (PT), postulante em Olinda. Em Paulista, com Ramos (PSDB), a governadora participou de peças publicitárias e, nos últimos dias, esteve nas campanhas de rua de seu colega de legenda, mas se mostrou tímida nas campanhas em Olinda, aparecendo poucas vezes nas ruas com Mirella Almeida (PSD).

“Raquel tinha candidatos diferentes no município que podem apoiá-la para governadora. Em Olinda, ela tendia a ter o apoio de Izabel Urquiza, caso o PL não faça seu candidato para governador. E tem um bom relacionamento com Mirella, que é a candidata do prefeito. Por conta disso, Raquel procurou aparecer com certas restrições em municípios em que ela tinha mais de um palanque na disputa”, explica.

Enquanto em Paulista a disputa é encabeçada diretamente pelos partidos dos padrinhos, Olinda reúne palanques que, “no jogo do poder, estão indiretamente em busca de vagas para o Senado e em ampliar a base de deputados”, como no caso de Mirella. “O palanque de Mirella reúne o centro-direita em que Raquel não tem uma identidade tão nítida quanto João tem no de Vinícius. Mirella engloba outras alas. Tem o bolsonarismo, tem o PL de Anderson Ferreira, é mais robusto”.

Por outro lado, o de Vini Castello se mostra identificado com a esquerda e com os políticos de centro-esquerda da região. “João é o elo que o PT e a esquerda conseguem ter para apanhar votos da direita. Em sua campanha, João sequer falou ou colocou Lula nas suas peças de campanha e João teve voto bolsonarista. Então, ele é para Vinícius uma ponte que pode trazer votos da direita e do centro”, afirma.

No entanto, para o também cientista político Hely Ferreira, a disputa ao pleito municipal em Olinda será marcada “muito mais por problemas internos dos municípios do que nos padrinhos que apoiam os candidatos”. “Por isso que a propaganda eleitoral de Mirella fica trazendo de volta a figura de Renildo e, em contrapartida, a campanha de Vinícius mostra a gestão de Professor Lupércio. Vai ser a disputa pelo menos rejeitado”, exemplifica.