Embates e rachas entre governo Raquel e Alepe Projetos do executivo sofreram forte oposição ao longo de 2024, mas acabaram sendo aprovados na Assembleia Legislativa com pouca ou nenhuma alteração

Guilherme Anjos

Publicação: 25/11/2024 03:00

A Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) foi palco de embates marcantes neste ano. Os mais importantes projetos enviados pelo executivo foram debatidos durante meses pelos parlamentares, com a proposição e derrubada de dezenas de emendas. Assim, era esperado que a Lei Orçamentária Anual (LOA) de 2025 fecharia o ano com mais um confronto.

A governadora Raquel Lyra (PSDB) já está acostumada com a relação inconsistente com os deputados. Em seu primeiro ano à frente do executivo, encontrou uma oposição resistente, e precisou articular com os parlamentares independentes para destravar impasses.

Desde então, conquistou novos aliados e ganhou a simpatia até mesmo de alguns opositores, como os petistas João Paulo (PT) e Doriel Barros (PT), cada vez mais próximos da tucana. As novas lealdades ajudaram a derrubar emendas de uma bancada adversária mais enxuta, mas igualmente combativa.

Algumas relações, entretanto, também se desgastaram. A governadora cortou relações com os deputados do Partido Liberal (PL) após se juntarem ao PSB na proposição de alterações ao projeto que extingue as faixas salariais dos policiais e bombeiros militares gradualmente até 2026 - o maior embate do ano na Alepe.

O presidente da Assembleia, Álvaro Porto (PSDB), avaliou que a Casa conseguiu manter uma relação amistosa com o executivo, e celebrou a produtividade na fiscalização e aprovação de medidas. “Buscamos preservar os canais de diálogo e assegurar a boa relação com os demais poderes. Ao mesmo tempo em que não descuidou das prerrogativas de legislar e fiscalizar, a Assembleia se manteve mobilizada para analisar e votar todos os textos enviados pelo governo”, disse.

Para o vice-líder da bancada governista, Joãozinho Tenório (PRD), a tucana termina o ano fortalecida. “Os projetos do executivo enviados para a Casa foram aprovados e com o apoio da oposição, pois são importantes para desenvolver o Estado. E foram amplamente debatidos, mas dando também a celeridade necessária”, afirmou.

Já o vice-líder da oposição, Rodrigo Farias (PSB), apontou que a governadora se distanciou dos parlamentares, e se queixou da falta de diálogo entre os poderes. “Não bastasse a falta de entregas do governo, que tem resultado em uma avaliação baixíssima da governadora, a relação de Raquel Lyra com a Alepe tem sido marcada por distanciamento e falta de diálogo. Essa postura compromete o andamento de pautas importantes para o Estado”, disparou.

EMBATE DA LOA

O orçamento projetado pela gestão Raquel Lyra para o próximo ano é de R$ 55,1 bilhões, 16% superior ao de 2024. Os relatórios parciais foram aprovados pela Comissão de Finanças, que ganhou maioria governista com Izaías Régis (PSDB) assumindo o lugar de Renato Antunes (PL) na sessão.