General tinha "roteiro" para rebater o 8 de janeiro Parlamentares bolsonaristas deveriam explorar "ideias-forças" na CPMI para desgastar o governo, o Supremo, o ministro Alexandre de Moraes e a PF

Publicação: 25/11/2024 03:00

A Polícia Federal encontrou em um HD do general Mário Fernandes documento que servia como roteiro a ser usado por deputados bolsonaristas durante a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro.

Ex-secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, Fernandes foi preso na última terça-feira (19) por envolvimento na trama golpista que planejava, até mesmo, os assassinatos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, em 2022.

O roteiro, de três páginas, foi criado no dia 16 de maio de 2023, 10 dias antes de a CPMI do 8 de Janeiro ser instalada. O arquivo revela estratégias e detalhes de como bolsonaristas tentaram criar uma narrativa em relação aos movimentos golpistas.

O documento traz orientações que deveriam ser exploradas pela oposição visando atacar o governo federal, o STF, o ministro Alexandre de Moraes e a Polícia Federal (PF). Elas foram chamadas de “ideias-forças” e tinham as seguintes finalidades: desgastar o governo com afastamento dos ministros; e impeachment do presidente da República; desgaste do STF e de Moraes, a fim de acabar com “ditadura da toga”; impeachment de ministros da Suprema Corte; e anular a prisão e articular a soltura dos “patriotas”.

O roteiro também lista autoridades que deveriam ser convocadas (como o então ministro da Justiça Flávio Dino e o ex-ministro do GSI general Gonçalves Dias) e fazia sugestões de inúmeras perguntas.

CULPA EM LULA
No caso do governo, a estratégia era mostrar que a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve “responsabilidade” nos atos, porque “tinha conhecimento do que poderia acontecer e não atuou para evitar a depredação do patrimônio público”.

A sugestão era dizer que houve prevaricação do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) e do Gabinete de Segurança Pública (GSI). “Mostrar, também, a possível leniência do governo federal para que estes fatos ocorressem, a fim de explorá-los politicamente”.

Em relação a Moraes e ao STF, a orientação era dizer que prisão dos “patriotas” se comparava à prisão dos judeus pelos nazistas. Por fim, era dizer que a Polícia Federal cometeu “abusos” e cumpriu “ordens ilegais”. (Metrópoles)