Mauro Cid nega plano de fuga em depoimento Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro prestou esclarecimentos à Polícia Federal por ordem do ministro do Supremo, Alexandre de Moraes

Publicação: 14/06/2025 03:00

Delator teria planejado sair do país, segundo a PGR ( WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO)
Delator teria planejado sair do país, segundo a PGR
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens da Presidência no governo Jair Bolsonaro (PL), negou ontem, em depoimento de três horas e meia à Polícia Federal (PF), em Brasília, ter montado um plano para fugir do Brasil. Ele foi ouvido por ordem do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Cid é um dos réus na ação penal da trama golpista. O tenente-coronel fechou acordo de colaboração premiada e, em troca da delação, conseguiu limitar sua pena a no máximo dois anos de prisão.

O processo está prestes a entrar na fase final. Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o ex-ajudante de Bolsonaro teria planejado uma fuga justamente por estar às vésperas do julgamento. A PGR pediu que fosse decretada uma nova prisão preventiva do tenente-coronel, mas o Moraes só autorizou buscas na casa dele.

A ida de sua família aos Estados Unidos, no último dia 30, também colocou os investigadores em alerta. Os pais, a mulher e filha do tenente-coronel viajaram a Los Angeles. Em depoimento, Mauro Cid negou a intenção de deixar o Brasil sem autorização judicial. Disse que tem cidadania portuguesa e lembrou que isso já havia sido comunicado ao STF em fevereiro. Na ocasião, os advogados se ofereceram para entregar a carteira de identidade portuguesa ao ministro Alexandre de Moraes.

Mauro Cid também foi questionado sobre as mensagens reveladas pela revista Veja, atribuídas a ele. Segundo a reportagem, o tenente-coronel usou um perfil no Instagram em nome de “Gabriela” (@gabrielar702) para se comunicar com uma pessoa próxima ao círculo de Bolsonaro ao longo do processo de delação, em uma espécie de jogo duplo.

O ex-ajudante de ordens voltou a negar a autoria das mensagens. A primeira vez que ele foi questionado sobre os diálogos foi na última segunda-feira durante seu interrogatório na ação do plano de golpe. O tema foi levantado pela defesa do ex-presidente. (Estadão Conteúdo)