Fred Figueiroa
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Publicação: 06/03/2014 03:00
O 23º jogador
Antes de mais nada deixo claro que não costumo tirar maiores conclusões de amistosos. É um jogo com uma dinâmica completamente diferente de uma partida em competições oficiais. Difícil basear análises táticas e até mesmo técnicas quando não existe uma plena intensidade física e emocional em campo. No caso da atuação do Brasil, ontem, a África do Sul não ofereceu qualquer resistência. Jogou de forma aberta, dando todo o espaço necessário para que a Seleção chegasse com facilidade.
Circunstâncias ideais para a afirmação de jogadores que foram colocados em uma espécie de prova final nesta partida - a última antes da convocação definitiva para a Copa do Mundo - que começa em 98 dias. Foi um consenso, sobretudo, que o volante Fernandinho cumpriu a sua missão e tornou-se um nome certo para o Mundial. Ok, Fernandinho vive uma grande fase no Manchester City e tem uma versatilidade de funções que abre portas em qualquer time. Todo treinador gosta de ter jogadores como ele no elenco.
Mas considerar a boa atuação dele ontem no Soccer City como um parâmetro para a convocação só é algo positivo para o próprio jogador. E, talvez, seja injusto com os que brigam pela posição e já passaram por situações mais extremas - nem que tenham sido em amistosos contra seleções mais fortes. O pernambucano Hernanes, inclusive, é um deles. O hoje volante da Inter de Milão passou por testes com um nível de exigência muito maior. Foi apagado em alguns momentos? Foi. Porém certamente Fernandinho também teria sido. É algo absolutamente normal quando se tem uma seqência maior de atuações.
O objetivo deste texto não é comparar Fernandinho e Hernanes. Nas projeções de convocação, considero que há espaço para os dois na lista de Scolari. Mais do que os nomes escolhidos em si, há uma dúvida geral sobre a composição das posições. E, consequentemente, sobre quem está no páreo pela 23ª vaga na Seleção.
O que é dado como certo em qualquer lista: Três goleiros, quatro zagueiros e quatro laterais. Aí já são 11 jogadores. Quase 50% da Seleção. A dúvida paira sobre a divisão das outras 12 vagas.
Uma corrente considera maior a chance de Felipão levar cinco volantes. Estes seriam: Paulinho, Luís Gustavo, Fernandinho, Hernanes e Ramirez (com Lucas Leiva sendo a 6ª opção). Neste cenário, sobram sete vagas para meias ofensivos e atacantes. Oscar, Neymar, Hulk e Fred são quatro certezas. Ficariam três vagas para Williams, Jô e Bernard - deixando Robinho e Lucas fora.
Pela lógica do trabalho adotado até aqui, a tendência é que a lista seja estruturada desta forma. Mas já existe uma corrente de análise apostando em um volante a menos - até porque David Luiz faz essa função muito bem e foi usado assim na Copa das Confederações - e um atacante a mais. Robinho, mesmo mal no Milan, seria a primeira opção. Jogou bem quando foi convocado, é influente dentro do grupo e - queira ou não - tem experiência em Copa do Mundo.
Imagine, por exemplo, uma lesão de Fred durante o Mundial. Será que Jô se tornaria o titular da Seleção? Particularmente, acho difícil. Vejo no atacante do Atlético/MG um bom nome para ser acionado durante a partida. Apostaria em um ataque com Neymar e Robinho e sem um “homem de referência” na área.
Há ainda uma terceira e bem menos provável corrente que especular a convocação de apenas um lateral esquerdo. No caso, Marcelo. É notório que nenhuma das outras opções para a esquerda é animadora e, por isso, Felipão poderia optar por levar um reserva mais útil de outro setor. Em um dos coletivos na África do Sul, Daniel Alves chegou a ser testado na esquerda. Foi o suficiente para alimentar de vez esta terceira corrente que, por sinal, é a minha preferida.