Em julho de 2013, foi assinada a ordem de serviço de reforma do ginásio de esportes Geraldo Magalhães, Geraldão. Uma esperada modernização de uma das principais praças esportivas do Recife que, com uma estrutura muito antiga, já não recebia mais grandes eventos há um bom tempo. O prazo inicial para a conclusão da obra era de 15 de julho de 2014, conforme publicação no Diário Oficial do Município, embora, no próprio evento de assinatura da ordem, a Prefeitura do Recife tenha falado em 18 meses.
Nem um, nem outro. Quase três anos depois, a reforma do Geraldão segue em andamento. A passos lentos. Desde a assinatura da ordem de serviço, já houve, oficialmente três prorrogações no prazo por meio de termos aditivos ao contrato. O mais recente, publicado um dia antes da data limite anterior, 10 de fevereiro, adiando para 1º de novembro. A ideia era aproveitar a Olimpíada Rio-2016 para trazer eventos para o ginásio. O amistoso entre a seleção brasileira feminina de basquete e Cuba, marcado para 12 de maio, poderia ser um deles. O jogo, confirmado no Recife, será realizado no Sesc Santo Amaro.
Desde que foi iniciada, a obra sofreu com uma grande paralisação entre agosto de 2014 e maio de 2015. A alegação da prefeitura, na época, foi a demora no repasse de verba pelo Ministério do Esporte e a realização de mudanças no projeto, como a inclusão da climatização e a necessidade de aumento das dimensões da quadra. Na retomada da reforma, a promessa era de aceleração da obra, com até 140 funcionários empenhados nos serviços.
Uma realidade bem diferente da encontrada pelo Superesportes na última terça-feira. O ritmo segue lento, o que explica a mais recente mudança no prazo. Apenas seis operários trabalhavam. Dois engenheiros acompanharam a reportagem pela obra. Por conta da forte chuva do dia anterior, muitas partes estavam alagadas, principalmente no entorno, onde o mato toma conta.
A chuva é um dos inimigos da obra atualmente. Um dos pontos vitais da reforma, a cobertura do ginásio, ainda não foi terminada. A estrutura de ferro está montada há algum tempo, mas o trabalho de impermeabilização estava sendo encerrado no dia da visita por dois dos seis funcionários que estavam na obra. Faltam as telhas que têm previsão de chegada de um mês. Sem coberta, a chuva já prejudicou o acabamento de algumas partes, como os camarotes. O gesso terá de ser refeito em alguns deles.

Justificativa
Questionada sobre o atraso, a administração do Geraldão alega que a obra não é simples por se tratar da reforma de um equipamento inaugurado na década de 1970. A parte mais trabalhosa é a recuperação e reforço das estruturas, fase praticamente concluída. O acabamento já começou a ser feito em alguns pontos, como os banheiros. Os atrasos são atribuídos a diversos problemas, que vão desde a burocracia para a liberação de recursos até imprevistos encontrados no decorrer da reforma.
“A ideia do prefeito é concluir a obra no segundo semestre. Colocamos esse alvo pela fluidez com que as coisas estão andando. Mas acontecem coisas que não conseguimos controlar. Como se trata da reforma de um equipamento de mais de 40 anos, que nunca passou por uma reforma desse tipo, alguns entraves vão surgindo durante o processo”, explicou o diretor presidente do Geraldão, Paulo Cabral.
Questionado sobre o baixo número de funcionários vistos pela reportagem na última terça-feira, Paulo Cabral informou que, no momento, a obra passa por uma “reprogramação de alvos” - uma espécie de revisão nas prioridades. Por isso, não há como empenhar um grande número de operários. “O que está acontecendo é uma reprogramação dos alvos da obra. Não adianta simplesmente colocar homens para trabalhar sem isso estar definido”, alegou.
Sobre a cobertura, Paulo Cabral admitiu que corre contra o tempo por conta da época em que as chuvas se intensificam na cidade (durante junho e julho), mas que, colocadas as telhas, a tendência é de aceleração das obras. Ele informou que espera iniciar esse serviço em até 30 dias. “Esperamos por essa coberta há um bom tempo. Foi preciso produzir as telhas, o que demora um tempo enorme. Sabemos que precisamos fazer rápido por conta das chuvas. Internamente, estamos com 62% das obras concluída. Faltam pequenos acabamentos. E feita a cobertura, poderemos fazer determinados trabalhos”, disse.

Linha do tempo

Datas marcantes da reforma do Geraldão

O início 
12/7/2013
Na data foi assinada a ordem de serviço para reforma e modernização do Ginásio Geraldo Magalhães. O prazo inicial de conclusão era de 15/7/2014, 365 dias após o primeiro dia útil da assinatura.

adiamento anunciado
3/5/2014
Durante visita às obras do então secretário nacional de Esporte de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Ricardo Leyser, hoje Ministro do Esporte, foi revelada uma nova previsão para a conclusão: agosto de 2015 - previsão não oficial, entretanto.

adiamento confirmado
11/10/2014
Foi publicado no Diário Oficial do Município o 1º Termo Aditivo ao Contrato de Prestação
de Serviços nº 005/2013, confirmando o adiamento da conclusão da obra em 365 dias, contados a partir de 11/7/2014. Com isso, a nova previsão de conclusão passou a ser 11/7/2015.

paralisação e retomada
18/5/2015
A data marca a retomada das obras no ginásio, paralisadas em agosto de 2014. A justificativa oficial é de que o projeto precisou de alterações, como a inclusão da climatização e a adequação do tamanho da quadra às dimensões oficiais. A essa altura, o Ministério do Esporte já havia feito a primeira liberação de verba, em abril, no valor de R$ 3 milhões. Durante o mês foram liberados mais
R$ 2 milhões. A promessa era de “mais de 100 operários” dedicados à obra.

O segundo adiamento
13/07/2015
Foi publicado no Diário Oficial do Município o terceiro Termo Aditivo ao Contrato de Prestação de Serviços nº 005/2013, confirmando o adiamento da conclusão da obra em 215 dias, contados a partir de 9/7/2015. Nova data para a conclusão: 10/2/2016

mais R$ 5 milhões
15/7/2015
Retomada, a obra recebeu a visita do secretário nacional de Alto Rendimento do Ministério do Esporte, Carlos Geraldo. Na ocasião, o secretário municipal de Esportes, George Braga, confirmou o prazo para a conclusão da obra do ginásio: “Início de 2016”. A promessa era de que 140 trabalhadores seriam empenhados na obra, que seria acelerada com a liberação de R$ 5 milhões em recursos do Ministério do Esporte. Na verdade, R$ 3 milhões já haviam sido liberados em junho. No decorrer de julho vieram mais R$ 2 milhões.

mais um adiamento
13/2/2016
Na data, foi publicado no Diário Oficial do Município o quarto Termo Aditivo ao Contrato de Prestação de Serviços
nº 005/2013, anunciando a prorrogação no prazo de conclusão da obra em 266 dias, contando a partir da data de 9/2/2016. Com isso, oficialmente, a nova data
para conclusão da reforma
do Geraldão passou a ser 1/11/2016.

Projetos

Continuidade do Segundo Tempo

Mesmo com o ginásio em obras, o Geraldão segue abrigando os projetos de atividade física. Nas quadras que ficam por trás do equipamento, de maneira improvisada, e cercadas por entulho, crianças e adolescentes participam do projeto Segundo Tempo, praticando modalidades como futsal e ginástica olímpica. A foto ao lado mostra um espaço entre duas quadras que continuam sendo utilizadas. Após o fim das obras de  modernização do ginásio, está prevista a reforma desta parte do complexo, que fica por trás do ginásio. Há a previsão, inclusive, da construção de um prédio administrativo no local - as quadras serão mantidas. Em agosto do ano passado, duas piscinas, uma semi-olímpica e outra menor, foram entregues após reforma. No local, são realizadas atividades pela manhã e no fim da tarde com crianças, adolescentes, idosos e pessoas com deficiência.

Custo total

Atualizado para R$ 45 milhões

O custo total da obra de reforma de modernização do Geraldão, atualmente, é de R$ 45.470.400,93. Esse valor já foi atualizado, já que no início a previsão era de cerca de R$ 34 milhões. A verba do Ministério do Esporte é a mesma desde o começo, R$ 20 milhões, dos quais já foram liberados R$ 10 milhões, em quatro parcelas. Já está em curso o processo para a liberação de mais dinheiro referente à verba Federal. O restante cabe ao governo municipal.