Diario esportivo

por Fred Figueiroa
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Publicação: 02/03/2017 03:00

Jogo de experiências

O regulamento do Campeonato Pernambucano - com quatro de seis clubes avançando às semifinais - permitiu que Sport e Náutico fizessem um clássico cujo objetivo dos dois técnicos era fundamentalmente fazer testes. Seja com a utilização dos reservas, caso do time rubro-negro, seja com uma nova formação titular, caso alvirrubro. São clubes em situações distintas na temporada e, consequentemente, com necessidades também distintas. Enquanto Daniel Paulista priorizou o descanso dos seus titulares e deixou no banco, inclusive, dois dos reservas mais acionados no ano (Lenis e Fábio), Milton Cruz começou, efetivamente, seu trabalho depois do empate com o Campinense que deixou o time em situação quase irreversível na Copa do Nordeste. Mexer nas peças do time era necessário e ele assim o fez.

Novo Náutico?
As mudanças armadas por Milton não transformaram o Náutico da noite para o dia. E claro que ninguém esperava uma revolução. Até porque foram substituições e reposicionamentos pontuais - como a nova tentativa de escalar Rodrigo Souza e João Ananias como dupla de volantes, desta vez com Rodrigo mais próximo da defesa. Apesar de ter o sistema de marcação melhor distribuído, os dois volantes não foram bem individualmente - o que mantém a interrogação sobre ambos. Na frente, Dudu e Giva também receberam uma nova chance, mas não aproveitaram.

Testes no Sport
No Sport, além da ausência dos 11 titulares, foi inevitável não questionar a ausência do meia Fábio e do atacante Lenis. Era, sem dúvida, a escalação mais natural pelo desempenho apresentado em 2017. Sem eles, Daniel armou o meio-campo com três volantes (em tese, Neto Moura deveria atuar mais adiantado) e o ataque com dois jogadores com perfil mais de área (André e Paulo Henrique). A soma das duas soluções sugeria um time lento e burocrático. E aconteceu isso na prática. Sem poder de criação, a equipe rubro-negra foi facilmente marcada. Para complicar, viu o jovem alvirrubro Erick engolir o ainda mais jovem lateral Caio no primeiro tempo. Por ali, saíram as jogadas de maior perigo do Náutico. Inclusive a que originou o pênalti, muito bem convertido pelo próprio Erick.

O gol de empate saiu de uma jogada isolada do Sport, conduzida pelo colombiano Lenis (que entrou na vaga de Marquinhos, machucado, ainda no primeiro tempo e depois também se lesionou) e pelo lateral Raul Prata. Coube a Neto Moura finalizar com qualidade a bola que sobrou limpa na marca do pênalti.

O nó do segundo tempo

No segundo tempo, o Sport corrigiu a marcação pela esquerda e anulou Erick. Foi o suficiente para congelar o Náutico. A partir daí, o jogo deu uma espécie de nó e quase não foi mais desatado. Uma ou duas jogadas do garoto Juninho e do meia Fábio nos minutos finais ficam como exceção. Uma delas terminou em pênalti, novamente desperdiçado por André - em uma cobrança muito mal executada. Foi o terceiro pênalti perdido pelo atacante em seu retorno ao clube.

Saldo negativo

O desempenho de peças importantes para o ataque do Sport na partida acabou sendo o ponto mais preocupante para Daniel Paulista. Além da visível falta de confiança de André, o técnico ainda viu seus dois principais reservas - Marquinhos e Lenis - deixarem o campo com lesões musculares. No Náutico, o saldo negativo é a percepção de que as mudanças promovidas por Milton ainda não tiveram efeito prático. Mas ele terá praticamente um mês para conseguir extrair mais do atual elenco e atingir o mínimo de competitividade para as semifinais do Estadual. E, mais importante ainda, ter a resposta necessária do que precisará mudar para a Série B.