O treino de esgrima, em casa, não é tão longo. Não demora muito e é hora de subir para o banho, seguido do café da manhã. Desde cedo, Yane já havia adiantado que, às 7h40, seu Manoel, motorista da prefeitura, chegaria para buscá-la. Sem correria, com o tempo bem administrado, ela segue o cronograma e às 7h38, vestida de calça jeans, blusa branca e um blazer, desce as escadas de casa. Abre a porta junto com o marido Aloísio Sandes, que sai para trabalhar na mesma hora que ela. Seu Manoel estava à sua espera.

A essa hora, o trânsito do Recife já está no seu nível caótico. Seu Manoel corta caminhos para encurtar o tempo da viagem. A conversa sobre futebol, puxada por Yane, também ajuda. São 8h20 quando ela chega à Prefeitura e se dirige à espaçosa sala onde está alojada temporariamente. Mesmo há apenas quatro meses nessa nova rotina, Yane se mostra bastante à vontade. Liga o computador, lê e-mails e ofícios que estão à sua mesa. O dia já tem sua programação definida e ela mostra, na agenda, quatro reuniões marcadas. A primeira delas, na qual repassa as pendências e demandas da semana, começa pontualmente às 8h30 e dura cerca de 45 minutos.

Yane claramente leva o foco que sempre mostrou nos treino e competições para a nova vida. Parte para a segunda reunião, marcada para as 9h30. Enquanto aguarda a reorganização das salas no prédio da prefeitura, seu escritório fica num anexo, próximo ao estacionamento.

Uma parte da suas atividades, porém, acontece no sétimo andar da sede municipal. As filas do concorrido elevador do local não são problemas para Yane. "Usei poucas vezes", diz ela, que prefere as escadas. Em dias movimentados, chega a subir e descer até quatro vezes. Detalhe: além dos sete andares, ainda há mais dois níveis até o estacionamento. Vem tentando disseminar a prática entre a sua equipe. "Sexta-feira passei pra eles um estudo que diz que subir escadas duas vezes na semana já faz com que a pessoa não seja mais considerada sedentária", conta.

TREINO NO EXPEDIENTE
Com os dias cheios, o horário do almoço torna-se de grande valor para Yane. Quando não come na própria prefeitura, tira o tempo para resolver alguma pendência da vida cotidiana. Um pedaço desse intervalo, porém, também é usado para o treino. Sim, na sua sala,  ela dedica alguns minutos para treinar o tiro com o equipamento a laser que leva para aproveitar qualquer tempo possível. Assim como a esgrima, faz o exercício para não perder a prática. "É mais para isometria, para não esquecer. É o tempo que dá para fazer%u201D, diz. Estou sentindo um pouco de dificuldade para as atividades do dia a dia", acrescenta.

O fim do expediente varia conforme a agenda do dia. Yane já está se acostumando a estender o horário. Na última semana, ficou até as 23h em reunião. Diz que o mais comum é largar por volta das 20h. Em nenhum momento reclamou da nova rotina. Pelo contrário. Na prefeitura, encontrou exatamente o que queria. "Planos eu sempre tive muitos. Eu já pensei em voltar a morar no interior. Sempre quis também ter um projeto social. O esporte muda a vida da gente. Mudou a minha e de todos os meus familiares. Queria que outras pessoas vivessem isso", diz.