Diario esportivo

por Fred Figueiroa
Twitter: @fredfigueiroa
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Publicação: 01/04/2017 03:00

A decisão da volta

Os jogos de ida das quartas de final da Copa do Nordeste basicamente definiram a semifinal entre Bahia e Vitória e deixaram o outro lado da chave ainda em aberto - com o Santa Cruz muito perto da classificação e o Campinense trazendo uma vantagem considerável para defender na Ilha do Retiro. E mais que essas primeiras definições propriamente ditas, as partidas deixaram claro que Bahia e Vitória conseguiram dar os primeiros passos em termos de evolução técnica e tática. Algo que Santa Cruz e Sport ainda não fizeram em 2017 - o que deve ser interpretado em análises direcionadas para cada um dos clubes. São momentos diferentes, realidades financeiras completamente diferentes e, por isso, é mais que necessário análises também diferentes.

Antes de aprofundar as situações dos dois clubes do Recife, no entanto, volto à clara vantagem que a dupla Ba-Vi apresenta neste momento. Estão, pelo menos, um degrau acima do Sport (que tem potencial técnico, mas não evoluiu enquanto time) e dois acima do Santa (com um elenco de pouca qualidade e ainda sem demonstrar ao menos força coletiva). Porém, é preciso enquadrar o cenário atual com o calendário. As semifinais da Copa do Nordeste acontecerão nos dias 23 e 26 de abril. São mais três semanas de trabalho que podem tanto diminuir essa diferença como torná-la ainda maior. Aí não há como prever - principalmente no caso rubro-negro se conseguir reverter a boa vantagem do Campinense.

A confirmação das vagas

As partidas entre Vitória e River e Bahia e Sergipe são quase pró-forma. Ainda que a vantagem do rubro-negro baiano seja de apenas um gol, os três gols marcados em Teresina obrigam o River a vencer por pelo menos dois gols de diferença no Barradão. Algo que parece fora da realidade até pelo fato do time de Argel ter ganho maturidade desde os confrontos com o Vasco na Copa do Brasil. Foram dois confrontos determinantes para encorpar o Vitória de 2017 - um passo à frente em termos de teste efetivo na temporada. No domingo, imaginar que o Sergipe pode vencer o Bahia, invicto há 17 jogos em casa, por três gols de diferença seria devaneio. No fundo, será mais uma partida que Guto Ferreira usará para encorpar o time que tem no meia Régis (do Sport) seu esteio.

Onde mora o risco?
É inevitável que a primeira questão da análise do cenário de classificação do Santa Cruz seja porque não colocar o Tricolor na mesma condição de Bahia e Vitória. São duas respostas. Começando pela objetiva, matemática. Ao contrário dos baianos, o Santa não conta com nenhuma derrota no Arruda. O 1 a 0 levará a decisão para os pênaltis, enquanto qualquer outro placar negativo significa eliminação. A segunda resposta é direcionada para a fragilidade técnica da equipe e a incerteza quanto à postura em campo. Apesar de todos os objetivos alcançados na temporada, Vinícius Eutrópio vem sendo cada vez mais contestado. Foi assim na última quarta, mesmo depois da vitória em Itabaiana. É absolutamente clara a incapacidade do time em criar jogadas ofensivas coordenadas. A saída de bola trava quando chega no meio de campo. E, diante dessas limitações, a equipe invariavelmente costuma dar um passo atrás e jogar de forma mais fechada. Pouco importa se o adversário é ainda mais limitado tecnicamente - justamente caso do rival sergipano.

Não tenho dúvidas que o Santa de Eutrópio rende melhor defensivamente. Mas será que a postura do time será essa no Arruda? Repetir o que fez no jogo de ida dentro de casa até seria racional visando a classificação, mas poderia alimentar ainda mais a revolta dos torcedores diante da estagnação de possibilidades, sobretudo ofensivas. Escrevo neste momento sem a segurança de qual será a estratégia montada pelo treinador e mesmo de qual é, efetivamente, a mais recomendada. É importante olhar para os números e ver que o Itabaiana fez apenas seis gols em sete partidas no Nordestão e, em casa, deixou exposta sua enorme dificuldade de criar uma jogada. Ou seja, um gol do Santa tende a matar o jogo.
Por isso mesmo, apostaria em uma postura mais aberta. Vejo quase como uma obrigação.

Uma chance factível
O gol de Juninho no Amigão teve um peso enorme para manter a chance do Sport factível - mesmo sofrendo o terceiro gol logo em seguida. A possibilidade da vaga vir com um 2 a 0 serve, inclusive, para mobilizar a torcida. A Ilha será a primeira arma do Leão, não exatamente pela pressão das arquibancadas, mas fundamentalmente pela qualidade do gramado - o oposto da condição em Campina Grande.

Mas nem torcida nem gramado fazem gols. E o x da questão é como esperar uma intensidade ofensiva de um time que não encaixou em 2017. E não há mágica para ser feita por Ney Franco em 48 horas (ainda que deva mudar peças). A transformação terá que ser, essencialmente, na atitude.  E a partir da força individual, o coletivo pode se reestabelecer.