Chamando a responsabilidade Atletas mais experientes do elenco tricolor assumem a missão de liderar o Santa Cruz na busca de uma reação na Série B do Campeonato Brasileiro

Rafael Brasileiro
rafael.brasileiro@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 23/08/2017 03:00

Julio César, Anderson Salles, Derley, Léo Lima e Grafite. Do quinteto, apenas Anderson Sales não passou dos 30 anos - tem 29. Alguns já estão até mais perto dos 40! Já passaram por inúmeras situações na carreira, boas e ruins. Têm experiência, portanto, para saber lidar com momentos difíceis, como o que atravessa o Santa Cruz na Série B. Ao que parece, foram “convocados” para “jogar” com essa vivência, para assumir a responsabilidade de liderar o grupo coral em busca de uma reação no campeonato.

As escalações de Derley e Léo Lima para as últimas entrevistas concedidas no Arruda não aconteceram por acaso. Aliás, não será surpresa se durante a semana outros integrantes da velha guarda aparecerem na sala de entrevistas para conversar com a imprensa. É uma forma de distribuir o peso nas costas de quem está acostumado, aliviando os mais jovens.

Os jogadores reconhecem que possuem um papel importante e enfatizam a necessidade de liderar pelo exemplo. “Temos jogadores experientes e capacitados para fazer melhor do que estamos fazendo. Um contagia o outro. Você vê o Grafite correndo, lutando, então por que eu não vou dar minha vida ali dentro? Nós, com mais experiência, que vivemos esse momento de ameaça de rebaixamento, a gente não dorme”, comentou o volante Derley.

Léo Lima também assumiu a função de “motivador”. Disse que, neste momento, o que procura fazer nos vestiários é não deixar os companheiros baixarem a cabeça. O objetivo é manter o time focado em sair da atual situação. “A gente tem que tentar amenizar. Temos que conversar com os jovens. Já passamos por isso em outros clubes. O Santa Cruz é um clube grande e vai ter pressão. Nós queremos dar a volta por cima. Não podemos baixar a cabeça e continuar jogando, tentando.”

TREINADOR
Escalado para a entrevista coletiva de ontem, Léo Lima fez mais do que chamar a responsabilidade para os mais experientes. De certa forma, reduziu a carga que pesa nos ombros do técnico Givanildo Oliveira, que começa a correr risco no cargo pela ausênica de vitórias. “Errar, está errando todo mundo. Não tem como achar um ponto. O treinador tem feito o trabalho certo. Tem dado os treinamentos e a gente que entra dentro de campo está tentando. Se não está dando certo a culpa é de todos. Do clube todo”, disse.

Entrevista - Léo Lima // meio-campista do Santa Cruz

“A vida tem que seguir”

Foi a primeira entrevista de Léo Lima após a perda da esposa, ocorrida dia 31 de julho - ela faleceu em virtude de um câncer. Ontem, na sala de imprensa do Arruda, o meio-campista, visivelmente emocionado, falou sobre o difícil momento que atravessa na vida e a decisão de continuar nos gramados e ajudar o Santa Cruz.

A PERDA
“Foi uma perda muito grande, uma dor muito grande para mim. Quando eu viajei antes do jogo contra o Paysandu, me ligaram e rapidamente cheguei no Rio. Já peguei minha esposa morta dentro de casa. Aquilo foi um impacto muito grande.”

A DECISÃO DE CONTINUAR
“Não adianta também eu ficar dentro de casa, remoendo. A vida tem que seguir. Infelizmente a perdi, mas tenho dois filhos para criar e tenho caráter. Não ia deixar meus companheiros nessa situação. O que mais me motivou foi isso. Sair um pouco do problema e vir para cá, deixar a cabeça um pouco livre.

A SAUDADE
“Claro que, vira e mexe, volta. Ontem (segunda-feira), foi uma noite horrível para mim. Bateu a saudade, mas o que importa agora é focar para tirar o Santa Cruz dessa situação.”