Diario esportivo

por Fred Figueiroa
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Publicação: 14/10/2017 03:00

Um pé em 207, outro em 2018

A temporada entrou na reta final com os três clubes do Recife em um mar de incertezas que já se estende até 2018 - ano de Copa do Mundo e, consequentemente, de calendário achatado. Neste momento é quase impossível colocar qualquer esboço de planejamento no papel - já que não há garantia sequer da divisão em que Sport, Santa Cruz e Náutico estarão e tampouco das datas, competições e - fundamentalmente para tricolores e alvirrubros - orçamento. A partir deste fim de semana serão duas temporadas em jogo sempre que um dos três times da capital estiver em campo. Um pé em 2017, outro em 2018 e um risco considerável de comprometimento.

Náutico  

Dos três cenários, o mais perto da definição é o do Náutico. A sentença final do rebaixamento se aproxima e não há mais sinais de que pode ser revertido. O esboço de reação ficou pra trás e a distância para o primeiro time fora do Z4 voltou a crescer. São 11 pontos restando 10 rodadas. Nas últimas cinco, o time alvirrubro voltou a jogar mal e perdeu quatro partidas. A única vitória, sobre o Boa Esporte, veio com um pênalti defendido pelo goleiro Jefferson no final da partida. Para completar, uma série de lesões minou o elenco que era reduzido e limitado. A projeção matemática aponta sete vitórias em 10 jogos como única missão possível para evitar a queda. Um aproveitamento superior ao do líder Internacional.

O esboço de reação frustrado e a iminência do rebaixamento colocam em xeque inclusive a permanência do técnico Roberto Fernandes. Ao expor a dúvida sobre a renovação do contrato, o técnico foi direto ao ponto: “Não vou tirar nenhuma vírgula da minha responsabilidade caso a equipe não alcance o objetivo. Mas também não coloco nenhum ponto a mais no meu fardo. A responsabilidade até onde ela vai pelo fracasso ou sucesso tem um limite. Quando acabar o campeonato tem que ver o quanto foi o percentual de aproveitamento do Roberto e qual foi o do Náutico antes da minha chegada para ver se caiu por conta da minha performance ou não", afirmou o treinador.

Em meio à missão quase impossível da permanência na Série B, o Náutico já volta os olhos para garantir ao menos seu lugar na fase de grupos da Copa do Nordeste. Para isso precisará passar pelo Itabaiana/SE em um duelo inicialmente previsto para janeiro de 2018. Roberto Fernandes sugeriu que ao menos a primeira partida aconteça agora, no intervalo de 11 dias entre a partida contra o Juventude e o clássico no Arruda. O problema é que o adversário está inativo desde junho. Adiantar essa classificação era uma forma de ter um mínimo de garantia (quase R$ 1 milhão em cotas) para pensar na próxima temporada.

Santa Cruz


A situação matemática se agravou com a nova série sem vitórias - já são quatro partidas - e a possibilidade de um novo rebaixamento passa diretamente pelo confronto direto deste sábado com o Figueirense fora de casa. Uma derrota deixaria o caminho da reação mais longo e tenso, ainda que a tabela traga algumas brechas pela frente. O problema é que o efeito causado pela mudança de treinador começa a se diluir sem que tenha ficado uma base sólida de evolução técnica. Para fazer uma reta final com pelo menos 50% de aproveitamento, o Santa precisará que jogadores cruciais tenham a regularidade que não conseguiram até aqui. Nomes como Primão, João Paulo, Bruno Paulo e Grafite serão fundamentais. Todos, porém, têm mais atuações negativas que positivas na temporada.

A sensação é que o Santa Cruz precisa de uma espécie de mobilização emergencial - envolvendo todos que fazem o clube. Da direção que não consegue equalizar os atrasos salariais ao torcedor que acompanha à distância a acentuada queda na competição. O Arruda precisa criar contornos de decisão nos cinco jogos que restam em casa: Oeste, Luverdense, Náutico, Paraná e Juventude. Em tese, cinco vitórias serão suficientes para a permanência.

Sport

A atuação de Diego Souza na vitória da última quinta-feira, no Barradão, deixou claro que a permanência rubro-negra na Série A passa diretamente pelo seu principal jogador - repetindo o que aconteceu em 2016. A queda acentuada do Leão na competição (da área de classificação à Libertadores à zona de rebaixamento) coincidiu com o pior momento do meia/atacante no clube. A crise técnica gerou um dano psicológico (ou vice-versa) e a negociação interrompida com o Palmeiras inflamou ainda mais a situação - alimentando teorias sem nexo de falta de comprometimento que acabaram sendo aceitas por parte da torcida. Uma eventual recuperação de Diego - em um momento onde Luxemburgo parece ter achado um caminho tático com três volantes - pode colocar o Sport em uma situação mais segura ainda a tempo de direcionar todo o foco para a reta final da Sul-americana.

Para isso, naturalmente, os dois jogos consecutivos em casa serão cruciais - ainda que sejam contra adversários com alto grau de dificuldade (Atlético/MG e Santos). Na matemática básica, o Sport precisa de quatro vitórias em 11 partidas (seis na Ilha) para fincar sua permanência. Uma missão equivalente a de basicamente todos os seus adversários diretos - já que a disputa do 9º colocado pra trás é praticamente ponto a ponto.