Clima de ressaca no Arruda Após dias turbulentos com ameaça de greve, confusões e demissões, Santa Cruz viveu uma quinta-feira relativamente tranquila

Rafael Brasileiro
rafael.brasileiro@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 17/11/2017 03:00

Comparado aos últimos dias, pode-se dizer que o Santa Cruz viveu 24 horas de paz ontem. Na medida do possível, pode-se dizer até que o clima estava mais leve no Arruda. Nem a entrevista do técnico Marcelo Martelotte, demitido na quarta-feira, trouxe mais abalos para o cenário caótico do clube. Ao que parece, a série de confusões diárias teve um fim. O que resta é finalizar a Série B com um mínimo de honra. 
O elenco coral se reapresentou na tarde de ontem de forma completa, inclusive com o atacante Ricardo Bueno, que disparou contra o clube na saída de campo e se desentendeu nos vestiários com os diretores de futebol. Existia a possibilidade de o atleta ser dispensado, mas uma conversa colocou panos quentes na situação. 
Além de contornar esse problema, a direção coral parece ter conseguido afastar a ameaça de uma paralisação. Existia a possibilidade de alguns atletas não viajarem para Belém, na manhã de hoje, pelos problemas salariais, mas o diretor de futebol Jomar Rocha garantiu que Adriano Teixeira, que assume o clube interinamente mais uma vez, terá todo o elenco à disposição. “O time vai viajar e quem define a relação será o treinador para terminarmos a competição de forma honrosa. O time todo está à disposição e Adriano Teixeira comanda o elenco”, afirmou Jomar Rocha.
RESPALDO
As palavras de Jomar poderiam soar como mais uma bravata da direção coral, mas foram reforçadas pelo goleiro Julio Cesar, que revelou que não ficará no clube em 2018. “O ambiente é de tristeza pelo o que aconteceu. Jogar sem valer nada é algo muito complicado. Na medida do possível, (o ambiente) está bom. Todo mundo se apresentou para treinar e vamos terminar a Série B com honra nesses dois jogos. Vamos honrar a camisa do clube”, prometeu. A promessa é que os funcionários recebam parte dos salários atrasados hoje e os atletas na próxima semana. 
 
 
3 perguntas   MARCELO MARTELOTTE [ ex-técnico do Santa Cruz
 
Como você vê o fato de o presidente Alírio Moraes afirmar que você não defendeu o clube?
“Ficou muito difícil defender a diretoria perante jogadores quando pouca coisa foi feita no sentido de se resolver os problemas. Então, se ele (Alírio Moraes) entende que a diretoria do clube pode ser misturada com o nome, entidade do clube... Eu acho que é uma visão errada. Eu sempre defendi o Santa Cruz independentemente de quem estivesse na presidência.” 

Como era a sua relação com o elenco?
“Esse grupo foi um grupo excelente de trabalhar. Se cheguei até aqui, foi por conta da relação que tive com eles. Logo que cheguei sabia de toda a dificuldade e a primeira coisa que falei para eles foi que eles tinham todo o direito de pegar o material e pedir para rescindir o contrato. Era direito deles pela situação que viviam. Disse que, quem ficasse, teria que lutar até o final. Quem ficou, se empenhou ao máximo até que chegássemos a essa situação limite.”

Se você tivesse chegado no começo ou até quando Givanildo assumiu, teria sido diferente?
“Não. Se o cenário fosse o mesmo, os problemas fossem os mesmos, não vejo essa possibilidade. Acho que essa responsabilidade não tem que cair sobre os treinadores. Nem no Vinícius (Eutrópio), nem no Givanildo (Oliveira), nem no Adriano e nem em mim. Foram os aspectos extracampo que prejudicaram a campanha como um todo.”