Favoritismo às avessas do Grêmio Neste século, times brasileiros mediram força com europeus em quatro finais do Mundial e venceram três. Tricolor gaúcho que fazer história

Publicação: 16/12/2017 03:00

A condição de favorito pertence, inegavelmente, ao Real Madrid. No futebol, contudo, o status nem sempre é confirmado. Aliás: tratando-se de decisões do Mundial de Clubes da Fifa entre europeus e brasileiros, o favoritismo, nos últimos anos, só prevaleceu uma vez quando havia um time do Brasil em campo. Em 2011, quando o Barcelona goleou o Santos. As demais, típicas finais “Davi x Golias”, terminaram com a vitória sul-americana. Uma inspiração para o Grêmio, o “Davi” do duelo deste sábado, que começa às 14h (do Recife).

Neste século, o Brasil chegou a quatro finais do Mundial de Clubes. Com exceção da derrota do Santos em 2011, na maioria o favoritismo europeu foi desbancado. Foi assim em São Paulo x Liverpool, em 2005; em Inter x Barcelona, em 2006; e Corinthians x Chelsea, em 2012. Duelos vencidos pelos brasileiros pela vantagem mínima: 1 a 0.

Nos três casos, a “superação” foi o ingrediente determinante para superar o adversário. A entrega de todos os jogadores em campo, com atuações acima da média de alguns atletas e alguns milagres operados pelos goleiros, fez a diferença. E é isso que pode contrariar o favoritismo do Real Madrid neste sábado. Até pela consciência dos gremistas da sua posição nesta final.

“O Real é favorito por tudo que representa no futebol mundial, mas o Grêmio não veio para passear. Vai honrar a camisa durante os 90, 120 minutos. O Grêmio vai suar a camisa. O Real quer muito o título, mas o Grêmio também quer. Vamos fazer de tudo para o Grêmio ser campeão mundial”, avisou o técnico Renato Gaúcho, em sua última entrevista antes da partida.

ESTRATÉGIA
Renato Gaúcho conhece bem o seu time e o desafio que tem pela frente neste sábado. Considerando essas variáveis, tem uma decisão a fazer: adota uma postura cautelosa, como fizeram os antecessores nas finais de outros mundiais interclubes – e fez o Al Jazira, que quase surpreende o Real na semifinal -, ou tenta surpreender adversário, como fez com o Lanús, na Libertadores: avançando a marcação, buscando reduzir os espaços da saída de bola do adversário. Em suma: enfrenta o Real com a “cara limpa”, de frente.

Um questionamento apresentado ao treinador na coletiva de ontem. “A gente tem todo respeito pelo Real Madrid. Agora, o Grêmio também chegou por méritos. O Grêmio tem sua maneira de jogar, não mudou durante o ano todo. Muita gente achava que em se tratando de uma final da Libertadores, na Argentina, o Grêmio ia jogar recuado, esperando o adversário, e vocês viram o que aconteceu. O Grêmio tem a maneira dele jogar e numa hora dessa não adianta você querer mudar”, respondeu.  
 
Intercontinental
Após uma longa avaliação técnica (e política), a pedido da Conmebol, a Fifa enfim reconheceu, neste ano, a antiga Copa Intercontinental como título mundial. A disputa vigorou de 1960 a 2000, ano que, desde o anúncio, em 27 de outubro, conta com dois campeões mundiais: Corinthians (Mundial de Clubes) e Boca Juniors (Copa Intercontinental).  No Brasil, a disputa entre os campeões da Libertadores e da Liga dos Campeões sempre foi chamada de “Mundial Interclubes”.
 
Títulos
 
A história das últimas conquistas em confrontos contra europeus
 
2005 São Paulo 1  X  0 Liverpool
Talvez tenha sido a final entre Europa x Brasil em que o favoritismo do adversário estava numa escala menor. Mas existia. O Liverpool estava há 11 partidas sem sofrer gols quando chegou à decisão contra o São Paulo. Buscava o seu primeiro título do Mundial Interclubes – o São Paulo possuía dois, 1993 e 1995, reconhecidos pela Fifa neste ano. O São Paulo abriu o placar com Mineiro, aos 26 minutos. A partir daí, seguiu-se uma grande pressão do Liverpool e grandes defesas de Rogério Ceni. O time inglês ainda teve três gols anulados, dois por impedimento, outro por conta de uma falta feita no goleiro tricolor.
 
2006 Internacional 1  X  0 Barcelona
O favoritismo aqui tinha proporções máximas. O Barcelona vivia um momento iluminado, formado por uma constelação que incluía Puyol, Rafa Márquez, Xavi, Iniesta, Deco e Ronaldinho Gaúcho numa fase excepcional. O time catalão dominou a partida por completo, mas esbarrou numa marcação sólida do Inter, que pouco foi ao ataque. O primeiro chute na direção do gol do  Colorado só aconteceu aos 16 minutos do segundo tempo. Numa das chances, porém, aos 36 da etapa complementar, conseguiu o gol do título, marcado por Adriano Gabiru. O time gaúcho ainda contou com boas intervenções de Clemer para garantir a vitória.    
 
2012 Corinthians 1  X  0 Chelsea
Por maior que fosse a “loucura” corintiana nessa época, era difícil imaginar uma vitória brasileira diante do todo poderoso Chelsea de Cech, Cole, Lampard, Hazard e Fernando Torres. Mas ela aconteceu, seguindo o script das vitórias brasileiras. Muita marcação, dedicação em campo para disputar cada espaço do gramado, defesas salvadoras – no caso, de Cassio - e um gol salvador, marcado por Paolo Guerrero. Assim a equipe comandada pelo técnico Tite escreveu o nome do Corinthians pela segunda vez no hall dos campeões do Mundial de Clubes da Fifa