Diario esportivo

por Fred Figueiroa

Publicação: 01/02/2018 03:00

O que importa

Aquele 3 a 0 do Náutico sobre o Sport parece mesmo ter sido um ponto fora da curva da equipe em 2018. Ontem, assim como aconteceu diante do Vitória, a equipe mais uma vez se nivelou por baixo contra um adversário de menor estrutura e investimento. No caso, o modestíssimo Cordino, do Maranhão. Time que não venceu um jogo sequer na temporada e atuou a mais de 450 quilômetros da sua cidade, em um estádio com apenas 97 pagantes. Como não houve transmissão da partida na TV, a base de análise fica superficial - baseada apenas na descrição das rádios e na edição dos melhores momentos. Porém, extraindo o que foi possível dessas duas fontes, não há registro de uma única jogada ofensiva trabalhada pelo Náutico. O que se agrava ainda mais pelo fato de ter levado o gol muito cedo. Foram mais de 60 minutos buscando o empate sem conseguir articular uma chance. Mas o gol de empate saiu. Camutanga, de cabeça, escorando uma falta cruzada na quina da área. Um lance isolado que garantiu R$ 600 mil para o clube. E, no fundo, é o que realmente importa neste momento.

Missões cumpridas
Mesmo com um futebol sofrível, plena incapacidade criativa e erros graves no sistema defensivo, o Náutico tem cumprido sua missão na temporada. Com a classificação à fase de grupos da Copa do Nordeste e o avanço para a segunda fase da Copa do Brasil, já são R$ 1,1 milhão ganhos dentro de campo. Para um clube com folha salarial entre R$ 200 mil e R$ 250 mil por mês, esse dinheiro garante praticamente metade do ano. Na prática, deve servir para qualificar um pouco mais o elenco - esticando essa folha para mais de R$ 300 mil. É necessário. Pelo que mostrou até aqui, a equipe está longe de ter o mínimo de competitividade para projetar o retorno à Série B. E é difícil encontrar jogadores com potencial de evolução. Como disse na abertura do texto, a partida contra o Sport é até aqui um enorme ponto fora da curva - a partir de uma proposta de jogo defensiva, que funcionou em uma noite sem erros da defesa, com o gol a favor saindo rápido e diante de um adversário que, por sua vez, jogou muito mal. Está jogando, aliás. Este desenho não se repetiu nenhuma outra vez no ano - mesmo contra adversários muito fracos. A outra vitória em 2018, sobre o América, veio em um dramático 3 a 2, com o gol saindo de uma falta cobrada no último instante do jogo.

Próximos passos
Alívio e preocupação são sensações antagônicas que seguem caminhando juntas neste ano do Náutico. Talvez não tivesse como ser muito diferente disso - tamanho o buraco técnico e financeiro que o clube cavou com o rebaixamento e os erros de gestão em 2017. Enquanto o Alvirrubro conseguir ir se livrando dos danos irreversíveis, a margem de erro aumenta um pouquinho e vai permitindo ao técnico Roberto Fernandes tentar os ajustes necessários. Tarefa que tem se mostrado complicadíssima. Pela frente agora, o Náutico mergulha em uma sequência pesada de jogos e precisará ter frieza para definir os que merecem plena atenção. São dois. O primeiro já na quarta-feira que vem, contra o Botafogo/PB, em João Pessoa, é fundamental evitar a derrota para não se distanciar demais do principal adversário por uma vaga nas quartas de final da Copa do Nordeste. O segundo no dia 21 de fevereiro, diante do Fluminense de Feira de Santana, pela Copa do Brasil. Uma nova classificação valerá R$ 1,4 milhão. Jogo único, novamente fora de casa, mas agora sem o direito do empate. Se houver igualdade, a vaga será decidida nos pênaltis. Arrisco dizer que este será o jogo mais importante do primeiro trimestre. Como foi o de ontem, aliás.

Para ler amanhã
E era também para o Santa Cruz, engolido pelo Fluminense baiano. Mas este é um tema que guardo para o texto de amanhã - tamanho o erro de direcionamento que está acontecendo no clube do Arruda.