O primeiro Clássico das Emoções da temporada Santa Cruz e Náutico começam a cruzar os caminhos neste sábado pelo PE2018, no Arruda, mas ainda podem se enfrentar, no mínimo, outras duas vezes no ano

texto: Daniel Leal e João de Andrade Neto
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Publicação: 17/02/2018 03:00

Santa Cruz e Náutico vão medir forças em pelo menos três partidas em 2018. Agendadas desde já,  a primeira delas será pelo Campeonato Pernambucano e outras duas pela Série C. Ambas as competições ainda podem gerar mais clássicos decisivos. As equipes, inclusive, já teriam se cruzado este ano pela Copa do Brasil, não fosse a precoce eliminação coral. A Copa do Nordeste é outra competição que pode colocar os rivais frente a frente em um futuro próximo. O fato é que tricolores e alvirrubros têm objetivos muito semelhantes nesta temporada. Cruzarão o caminho um do outro em muitos momentos ao longo do ano. O primeiro deles, às 18h30 deste sábado, no Arruda, pela sétima rodada do PE2018.

E para esse primeiro duelo, o momento é favorável ao Timbu. Além de liderar o Estadual, os alvirrubros vêm conseguindo todos os objetivos até agora traçados na temporada, o que já rendeu aos cofres do clube R$ 3,25 milhões em cotas distribuídas entre a classificação à fase de grupos da Copa do Nordeste (R$ 750 mil) e a passagem para a terceira fase da Copa do Brasil (R$ 2,5 milhões) . Porém, os tricolores, que já foram eliminados da Copa do Brasil e só venceram na sétima partida do ano, chegam ao clássico mostrando uma ligeira evolução,com dois triunfos seguidos.

Contribuiu para isso a mudança na forma de jogar adotada pelo técnico Júnior Rocha. Após demorar a se encontrar na temporada, com o treinador insistindo em um sistema de jogo que não deu certo, mudanças táticas e de postura da equipe fizeram o Santa Cruz adotar uma estratégia onde o resultado passou a ser prioridade. Os êxitos frente Treze-PB e Afogados foram provas disso. Em determinados momentos das partidas, a equipe coral foi pressionada, sofreu. Apresentou, no entanto, virtudes que outrora não tinha: uma defesa sólida, que não tomou gols, e um contra-ataque que vem se aperfeiçoando.

“Não existe evolução sem vitória. A gente vê o bom momento que as duas equipes vivem hoje. Ainda não estamos aquilo que a gente quer, mas pode ter certeza que do outro lado também não. Aqui temos muito a evoluir ainda. A vitória vai nos levando juntos e só ela vai fazer a gente crescer mais”, disse o treinador coral. “A ideia é jogar organizado e vamos colocar em prática o que a gente tem treinando. O sentimento é de uma boa expectativa para o jogo”, acrescentou.

Pelo lado alvirrubro, o técnico Roberto Fernandes, mesmo com o time ainda apresentando muitas falhas, vem conseguindo dar competitividade ao Náutico. Seja atuando mais precavido e apostando em contra-ataques, como nos triunfos frente Sport e Fluminense-BA, ou em menor escala quando precisa propor mais o jogo ofensivo, a exemplo da goleada por 4 a 0 sobre o Salgueiro com um time alternativo. Contra o Santa, a postura adotada deve ser a primeira.

“A ideia é colocar em campo sempre a equipe mais preparada para o jogo. Temos que respeitar o clássico pela história e pelo torcedor que vai a campo prestigiar”, destacou o comandante timbu.
 
Os times

Mistério no Tricolor

Pela primeira vez desde que chegou ao Santa Cruz, Júnior Rocha adotou o tom de mistério. Um dia antes de debutar em clássicos no futebol, o treinador fechou o trabalho no Arruda. E colocou quatro interrogações na escalação coral para o duelo contra os alvirrubros. O goleiro Tiago Machowski, o lateral-direito Vitor e os meio-campistas Arthur Rezende e Jeremias foram colocados como dúvida. O único que sequer apareceu em campo no período em que a imprensa teve acesso ao aquecimento da equipe no Arruda foi Vítor. Caso ele não jogue, João Ananias deverá ser mantido improvisado na lateral.

Timbu pode ter estreias

Em meio a uma nova maratona de jogos (após o clássico deste sábado, o Náutico volta a campo na terça-feira, contra o Afogados, na Arena, pelo Estadual, e na quinta, frente o Bahia, na Fonte Nova, pela Copa do Nordeste), o técnico Roberto Fernandes deve mandar a campo a base da equipe que derrotou o Fluminense-BA na última quarta-feira, pela Copa do Brasil. Porém, o Timbu pode ter duas importantes novidades para a partida. Regularizados na sexta, o volante Wendel e o atacante paraguaio Ortigoza podem fazer suas estreias pelo alvirrubro. “Estou bem fisicamente. Já tenho vários dias treinando e me preparando”, garantiu Ortigoza.
 
Duelo na área técnica
 
Roberto Fernandes tem mais de uma década de experiência no futebol pernambucano. Mais de 15 clubes no currículo. Hoje, aos 46 anos, é um treinador experiente. Sobretudo quando o assunto é o futebol local. Torcedor declarado do Timbu, está na terceira passagem pelo Alvirrubro. Em cinco clássicos contra o Santa Cruz, nunca perdeu. Do outro lado está Júnior Rocha. Treinador desde 2013, o ex-atacante de 36 anos treinou equipes de menor expressão no futebol nacional. Jamais disputou um clássico. Fato que o comandante coral minimiza, embora faça questão de exaltar a experiência do treinador rival.

Roberto Fernandes, no comando do Timbu, segue invicto diante do Tricolor. Foram três vitórias e dois empates, todos os duelos pelo Campeonato Pernambucano. “Roberto Fernandes tem muito mais experiência de clássico que eu, mas o frio na barriga meu vai ser maior. Respeito a história dele no futebol, que não é fácil construir”, disse Júnior Rocha.

Apesar de não ter realizado clássicos, o técnico do Santa Cruz tem na bagagem a experiência de quem comandou a Luverdense nas últimas cinco Séries B. “Tive grandes jogos, não grandes clássicos, contra equipes muito maiores e mais tradicionais e fizemos frente. Hoje Náutico e Santa Cruz estão nesse patamar de fazer frente contra qualquer equipe. Roberto leva vantagem pela experiência, mas a tecnologia nos ajuda e muito conheço todas as equipes do nosso estado”, ressaltou.
 
Confronto de “gordinhos”
 
Com boas defesas e muitos gols marcados, o goleiro Tiago Machowski e o meia-atacante Wallace Pernambucano se transformaram nos principais jogadores de Santa Cruz e Náutico nesse início de temporada, respectivamente. Porém, há outro fator que liga os dois jogadores, que se enfrentam pela primeira vez no ano. Ambos compartilham portes físicos bem superiores aos vistos normalmente no futebol. Um duelo de “gordinhos” no Arruda.

No entanto, enquanto Tiago Machowski reconhece que vem lutando contra a balança, Wallace nega estar acima do peso. Artilheiro do Náutico na temporada, com seis gols em nove jogos, o jogador garante que está na sua forma física natural. “Muitos estão falando que estou gordo, mas eu não estou. É porque sou forte mesmo”, garantiu.

Já no caso de Tiago Machowski a luta contra a balança contribuiu para a desconfiança da torcida. Mas que foi diminuindo a cada boa atuação do goleiro. Desde que chegou ao Arruda, o arqueiro já perdeu mais de dez quilos.

O goleiro iniciou a carreira profissional no Grêmio em 2014. No ano seguinte, teve 16 oportunidades, mas acabou não despontando. Foi parar no time  B. Observado por Júnior Rocha desde o tempo que o treinador comandava a Luverdense, aceitou o desafio de ir para o Arruda. “O que o Tiago vem fazendo hoje é mérito todo dele. Ele chegou realmente acima do peso e foi buscar”, elogiou o treinador coral.