Humilhado, eliminado, atordoado... sem rumo Goleada de 4 a 1 sofrida para o ABC no Arruda, pelo Nordestão, deixa PC Gusmão sem clima e ameaça futuro do Santa Cruz

Daniel Leal
daniel.leal@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 23/05/2018 09:00

Vaias, muitas vaias quando os jogadores do Santa Cruz pegavam na bola. Gritos de olé a favor do ABC. Protestos direcionados à diretoria coral, ao técnico Paulo César Gusmão, ao atacante Robert. O cenário de caos no Arruda foi desencadeado por uma apresentação desastrosa do Tricolor. Humilhado diante da torcida, foi goleado pelo equipe potiguar por 4 a 1, na noite de ontem, naquela que foi a pior partida do Tricolor dentre todas as 26 apresentações da temporada. Foi o fim da linha para o clube na Copa do Nordeste. Os potiguares avançam para a semifinal do regional.

Os gols da vitória do ABC foram marcados por Higor Leite, Marcos Júnior e Felipe Guedes, ainda no primeiro tempo, e Matheus Carvalho, no segundo tempo. Héricles descontou. Com o ambiente que já vinha pesado, fruto de uma derrota sofrida de virada no último jogo, pela Série C, também no Arruda, a situação de PC Gusmão no Santa Cruz passa a ser uma interrogação. O treinador balança no cargo.

O jogo
Precisando reverter a desvantagem por ter perdido o jogo de ida, em Natal, por 1 a 0, o Santa Cruz precisava ganhar ontem por dois gols de diferença para se classificar. Mas o primeiro tempo foi um verdadeiro passeio do ABC. Não em vão, a equipe potiguar desceu para o intervalo já classificada. Em 36 minutos, o Alvinegro já estava vencendo a partida por 3 a 0, com extrema facilidade. Aos 45, com a vantagem de ter um jogador a mais, após expulsão infantil do zagueiro Augusto Silva.

Com um minuto de jogo, o Santa Cruz enganou o torcedor. Precisando vencer para avançar de fase, partiu para cima. Arthur Rezende, de longe, soltou a bomba, e Rodrigo fez boa defesa. Foi um suspiro de falsa esperança. A partir de então, o jogo foi do ABC. Mais organizado e dominando todos os setores do campo com extrema facilidade, a equipe não tardou a abrir o placar.

Aos 7 minutos, Arez cruzou, Sandoval cortou mal (assim como aconteceu no jogo anterior, contra o Botafogo-PB) e a bola ficou limpa para Higor Leite abrir o placar. Após o gol, o ABC recuou. Passou a marcar atrás da linha da bola. Não faltaria espaço para os contra-ataques. Em um deles, aos 21, o segundo gol. Higor Leite, melhor jogador da partida, escapou pela direita deixando Marcos Júnior em condições de finalizar e ampliar o marcador.

Atordoado e com a torcida revoltada nas arquibancadas, o Santa Cruz parecia não saber o que fazer com a bola. Geovani, Carlinhos Paraíba e Robert finalizaram de longe em chances esparsas. Sem inspiração e com uma defesa apresentando falhas infantis, o Tricolor não tardou a sofrer mais um revés. Aos 36, Higor Leite enfiou a bola na medida para Felipe Guedes marcar mais um gol para o ABC.

Era o que faltava para o torcedor tricolor se revoltar de vez. Ironicamente, o terceiro gol potiguar já veio sob aplausos da torcida coral. Sob gritos de “olé” e xingamentos direcionados ao técnico PC Gusmão e ao atacante Robert, a torcida ainda teria tempo de se irritar com a expulsão do zagueiro Augusto Silva, aos 45 minutos, após tomar segundo amarelo em falta boba. Estava coroado o desastre que foi a etapa inicial para o Santa Cruz. À essa altura, boa parte da torcida já havia deixado o estádio.

Segundo tempo
Sentindo que o grau de desastre poderia ser ainda pior com um jogador a menos, PC Gusmão resolveu recompor a equipe para a etapa final. Tirou o atacante Robert, que já havia se estranhado com a torcida, para a entrada do zagueiro Eduardo Brito. Augusto substituiu Geovani. A equipe coral, de fato, ganhou maior estabilidade. Pelo menos, estancou a sangria de gols

Aos 15, teve uma chance de diminuir o placar quando Carlinhos Paraíba, Ávila e Augusto triangularam jogada para finalização de Robinho. Por pouco não sai o gol. Aos 22, em mais um contra-ataque, quase sai o quarto. Arez lançou Marcos Júnior, que tentou encobrir o goleiro Ricardo Ernesto e acertou o travessão. Aos 24, não teve “quase”. Matheus Carvalho, que acabara de entrar, recebe na área, gira em cima de Sandoval e amplia com facilidade: 4 a 0. O Santa Cruz ainda diminuiu com Héricles, aos 39. Em vão. O vexame já não tinha solução.