O futebol em nome do tio Lera Maior ladrões de bolas da Série A, Anselmo vive grande fase no Sport e lembra como a carreira é embalada pelo sonho do falecido parente

Brenno Costa
brenno.costa@diariodepernambuco.com.br

Publicação: 24/05/2018 09:00

Lera Eterno. As duas palavras, escritas em uma tatuagem no antebraço esquerdo de Anselmo, começam a ganhar todo sentido na vida do volante do Sport quando as coisas pareciam dar errado. Depois de passar boa parte da infância nas escolinhas de futebol, em São Paulo, capital onde nasceu, ele não conseguia ganhar oportunidade na base de um clube. Tentou no Corinthians, Palmeiras, Internacional, na Portuguesa. As portas, uma a uma, foram se fechando. Até que chegou a hora de desistir do sonho de ser jogador e ficar apenas na várzea, no momento da diversão no bairro de Jardim Ângela, zona sul da capital paulista.

Mas Lera, sempre ele, pegou nas mãos do então garoto e o levou adiante. “Foi ele que me arrastou por esse mundão”, recorda Anselmo. Arrastou de porta em porta até que a do Palmeiras, antes fechada, abriu-se. Por lá, começou na categoria de base. Em um ano e meio, chegou no Palmeiras B. Em mais um ano e meio, chegou no profissional. Foi promovido pelo técnico Vanderlei Luxemburgo. Era tudo que Lera queria. E sabia que iria acontecer. Mas naquele ano de 2010, as coisas não teriam um final feliz.

Lera era o tio de Anselmo. Seu nome, na verdade, era Elísio. Na mesma temporada que seu sobrinho conseguiu espaço em uma das maiores equipes do Brasil, fruto da insistência dele, o inesperado o levou para outro plano aos 54 anos. Uma pedra nos rins o forçou a ir no hospital para retirá-la. Na volta para casa, Lera apresentou uma infecção. Passou mal e foi levado às pressas de volta aos médicos. Era tarde.

“Para mim, foi um choque. Fiquei muito triste. Uma pessoa que me ajudou para caramba. Ajudou meus pais. Sou eternamente grato por isso e ele se foi assim do nada”, conta Anselmo, com um olhar que denuncia a falta do parente. “De repente, ele já tinha cumprido a missão na terra. Vai ver foi isso. Estava sofrendo muito no velório e o padre chegou para mim e falou isso: ‘Ele veio, cumpriu a missão na terra e agora vai te ver lá de cima”, acrescenta.

De cima, hoje, Lera pode ver que Anselmo, após deixar o Internacional, virou referência no Sport. Neste ano, com novo contrato de empréstimo com o Rubro-negro até o fim da temporada, virou capitão e referência técnica. Nesta Série A, é o atleta que mais roubou bolas com 32 desarmes. “O que estou vivendo hoje, sendo capitão do time, é uma coisa única. Vou levar eternamente para minha vida e espero continuar dando esse respaldo para diretoria, comissão e torcedores, que estão sempre mostrando carinho para mim.”

E a cada vez que veste a camisa do Sport, onde diz ter muito orgulho, Anselmo carrega o tio no corpo e na alma. “De alguma forma, toda vez que jogo também é para ele”, diz. Com esse combustível, o volante de 29 anos quer ir mais longe. Pensa no jogo a jogo para conseguir escrever uma história vitoriosa e duradoura no Rubro-negro. Por enquanto, prefere não colocar metas. Porém, quer chegar mais uma vez longe, como Lera sempre sonhou.

Mailson
O goleiro Mailson, após ser titular em três partidas da Série A (até Magrão se recuperar de lesão e voltar à equipe), ganhou de vez a confiança do Sport e assinou um contrato por mais três temporadas, ficando no clube até o fim de 2021. Ontem, no entanto, o atacante Rogério não teve motivo para comemorar. O atleta sofreu uma pancada no tornozelo direito e saiu de campo carregado. De acordo com os médicos do Sport, em princípio ele não preocupa para o jogo diante do Palmeiras, no próximo sábado. Deve, portanto, atuar normalmente.