GUERRA DAS TORCIDAS » Um dos presos envolvido em ataque ao Fortaleza Titular da Segurança Pública de Pernambuco também defendeu uma mudança na legislação penal do Brasil. "A gente não tem que esperar acontecer", disse

Igor Fonseca

Publicação: 04/02/2025 03:00

O secretário Estadual de Defesa Social, Alessandro Carvalho, afirmou, ontem, que um dos presos após a guerra entre torcidas organizadas de Santa Cruz e Sport estava envolvido no ataque a bomba ao ônibus da Fortaleza em 23 de fevereiro de 2024. Na ocasião, jogadores do clube cearense ficaram feridos.

“Um dos presos participou do ataque ao ônibus do Fortaleza. Ele responde por três crimes. Ou seja, a polícia trabalha”, declarou. Diante disso, Carvalho defendeu a mudança da legislação penal no país.

“Agora, eu já disse isso várias vezes, precisa mudar a legislação penal do país. Porque é com essa legislação que todos trabalham, todos os operadores do direito. Para não dizerem que eu disse que a polícia prende e a justiça solta, não é isso que eu estou dizendo. A polícia trabalha com a lei, o Ministério Público com a lei e a justiça com a lei. A lei precisa mudar. A gente não tem que esperar acontecer algo que a gente sabe que pode acontecer”, afirmou Alessandro.

A secretária executiva de Defesa Social, Dominique de Castro Oliveira, revelou que um outro preso responde a 15 processos criminais.”Esses processos vão desde dano qualificado, violência doméstica, mas também tráfico de drogas”, afirmou.

Segundo Dominique, o presidente da Torcida Jovem, um dos levados ao Hospital da Restauração após o confronto, participou de um confronto em Caruaru, no Agreste do estado.  Ao fazer esse comentário, ela lembrou que familiares do suspeito foram às redes sociais alegar injustiça e criticar a segurança do Estado.

“Já existem vozes dizendo que o presidente da Torcida Jovem, não fez nada... Ele foi fotografado participando do confronto em Caruaru há uma semana,  E dois anos antes, antes de ser presidente, ele foi filmado participando de uma situação em que houve agressão a uma bombeira civil”, afirmou Dominique.

O presidente da organizada ao qual ela se refere é João Victor Soares da Silva. Além dele, outros três integrantes João Victor Antônio da Silva e Thyago Mendes Barbosa foram presos em flagrante, no domingo. Segundo a decisão judicial, havia indícios suficientes da materialidade do crime e de autoria dos acusados.

A Polícia Civil e o Ministério Público de Pernambuco destacaram que os envolvidos praticaram atos que extrapolaram o âmbito esportivo, configurando crime de associação criminosa (art. 288 do CP) e promoção de tumulto em evento esportivo (art. 201, §1º, III da Lei 14.597/2023).

O Ministério Público solicitou a conversão da prisão em flagrante para prisão preventiva, justificando garantir a ordem pública e evitar novas ações violentas.  A decisão do juiz José Anchieta Félix da Silva acatou o pedido, destacando a gravidade dos fatos, o histórico criminal de alguns dos acusados e o risco de reincidência.