Nova vida à casa de Clarice Lispector
Projeto pretende transformar o imóvel de dois pavimentos onde viveu a escritora num espaço cultural
Anamaria Nascimento
anamarianascimento.pe@dabr.com.br
Publicação: 06/04/2014 03:00
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Artista viveu no sobrado dos cinco aos 14 anos de idade. Memórias da cidade do Recife são uma constante em suas obras |
A sobrinha-neta da escritora, Nicole Algranti, está à frente do projeto há quase quatro anos. Ela tenta arrecadar recursos com financiadores de ações culturais em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde mora. A Santa Casa de Misericórdia cedeu o imóvel a ela, em comodato por tempo indeterminado. “Quando ela conseguir os recursos financeiros, o que está perto de acontecer, precisaremos iniciar uma reforma no sobrado”, explicou a diretora da Santa Casa, Rilane Dueire. Segundo ela, a casa está fechada desde junho do ano passado, quando foi invadida e depredada. Procurada pelo Diario, a sobrinha-neta da escritora não atendeu as ligações.
O sobrado, hoje pintado de ocre e alaranjado, faz parte do conjunto arquitetônico de imóveis protegidos do bairro da Boa Vista. “A importância arquitetônica se dá não apenas pela unidade, ou seja, pela casa, mas por todo o conjunto de imóveis. São casas do século 18. Aquela área era totalmente desabitada até os anos 1870. A partir da década de 1920, muitos judeus se instalaram naquela região”, esclareceu o arquiteto e urbanista Fernando Diniz.
O professor do Departamento de Letras da Universidade Federal de Pernambuco Lourival Holanda estudou a obra da escritora e destacou que ela passou pouco tempo no Recife, mas que o período foi fundamental. “A mãe de Clarice morreu nesta casa. Foi lá onde ela viveu momentos marcantes de sua história”, explicou. Segundo ele, a cidade aparece claramente em quatro textos, presentes no livro Felicidade Clandestina. Para Clarice, o Recife foi a referência mais importante, o local ao qual sentia que pertencia. Em entrevista concedida em 1977, a escritora confirmou a importância e influência da capital pernambucana em sua obra. “Pernambuco marca tanto a gente que basta dizer que nada, mas nada mesmo nas viagens que fiz por este mundo contribuiu para o que escrevo. Mas Recife continua firme”, afirmou.
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