Desenvolvimento baixo e cachês altos Das dez cidades que mais gastarão com atrações para o São João, oito delas estão entre os piores índices de desenvolvimento humano

CARLOS LOPES

Publicação: 07/06/2025 03:00

Zezé di Camargo vai receber R$ 500 mil para tocar em Ibimirim, no Agreste do estado (REPRODUÇÃO/REDES SOCIAIS)
Zezé di Camargo vai receber R$ 500 mil para tocar em Ibimirim, no Agreste do estado

Dos 10 municípios do estado que mais vão gastar com o cachê dos artistas no São João, oito estão entre os com piores IDHs (Índice de Desenvolvimento Humano) de Pernambuco. Esse são os dados disponíveis no Portal de Transparência dos Festejos Juninos, do Ministério Público de Pernambuco, até a última sexta-feira (6). Apenas Caruaru, com investimento de R$ 13,88 milhões, e Vitória de Santo Antão, com R$ 2,69 milhões, estão fora deste ranking - uma vez que ambos apresentam índices mais altos. 

Em termos de comparação, o IDH médio de Pernambuco é de 0,719 e do Brasil, 0,786. O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) é responsável pela divulgação dos índices dos países - que leva em conta em três fatores: expectativa de vida, acesso à educação e renda per capita. Com esse índice, o Brasil ocupa hoje o 84ª posição mundial.

Terceiro maior gasto com atrações, o município de Itapetim destinará R$ 1,71 milhão para cachês em três dias de festas juninas, de 28 a 30 de junho. O valor está distribuído em seis atrações, mas só Natanzinho Lima receberá R$ 600 mil por cerca de 1h40 de show. Itapetim é um município do Sertão pernambucano, na divisa com o estado da Paraíba, com uma população de 14.232 habitantes e com IDH de 0,592 - de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

SERTANEJO
Flores é a quarta na lista dos dez municípios que mais gastam com o São João e está entre os piores IDH do estado (0,556). Os 20.835 habitantes florenses terão 10 dias de shows (de 7 a 22 de junho) e 20 atrações, que custarão aos cofres do município R$ 1,50 milhão. Logo depois vem Ibimirim, no Agreste e com população de 28.760 habitantes. As festividades começam nesta sexta (6) e vão até o dia 11, com sete atrações, incluindo Zezé de Camargo. O custo: R$ 1,31 milhão. O IDH: 0,552.

Saloá, outro município do Agreste, com 14.173 moradores, desembolsará R$ 1,25 milhão para apenas dois dias de festas: dia 10 de junho e 6 de julho, que apresenta o Projeto À Vontade e seus R$ 800 mil de cachê. Seu IDH é de 0,559. Depois, aparece Camocim de São Félix, no Agreste. O município, com IDH de 0,558 e 17.991 habitantes, gastará R$ 980 mil com dez dias (começou no dia 1º e termina no dia 29 de junho) de shows e 17 atrações.

Tacaimbó vem a seguir pagando de cachês R$ 800 mil. O município agrestino começou as festividades no dia 15 de maio e até 28 de junho terá mais sete dias de shows e oito apresentações. A população é de 1.277 tacaimboeneses, que vivem com um IDH de 0,554. Quipapá, ainda no Agreste, é a nona no ranking dos pagamentos com um dispêndio total de R$ 750 mil em três atrações dividas em dois dias. O IDH da cidade de 17.928 habitantes é de 0,552

Quem fecha a lista é São Joaquim do Monte, com população de 20.440 habitantes. Do dia 1º a 29 de junho, 17 artistas e bandas subirão ao palco, em total de R$ 600 mil em cachês. Das oito cidades, é a com o pior IDH: 0,537.

No painel, é possível ainda fazer algumas comparações. Um exemplo é a média de cachês pagos em Caruaru, para as 41 atrações: R$ 338 mil. Em Saloá, essa média alcança R$ 416 mil. 

Já Flores, que tem uma população quase equivalente a 6% do total de Caruaru, terá uma festividade com metade do número de atrações. O maior cachê de todos até agora é de Wesley Safadão que vai levar R$ 1,2 milhão para tocar em Caruaru.