Estudo americano levanta dados em PE Liderado pela Universidade da Pensilvânia, o trabalho avalia saúde reprodutiva das mulheres em períodos de crise na saúde pública

Larissa Aguiar

Publicação: 02/08/2025 03:00

Entrevistadoras conversam com as mulheres para coletar dados para o trabalho (DIVULGAÇÃO)
Entrevistadoras conversam com as mulheres para coletar dados para o trabalho

A quarta fase do maior estudo em painel com mulheres da América Latina já está em andamento na Região Metropolitana do Recife (RMR) e busca novas voluntárias para integrar a pesquisa. O DeCode Zika e Covid (DZC) investiga como as epidemias de Zika e Covid-19 afetaram a saúde reprodutiva, a fertilidade e as decisões das mulheres brasileiras, especialmente em contextos de vulnerabilidade social, em situações de crise na saúde pública. 

Com entrevistas presenciais realizadas semanalmente em bairros distintos como Pina, Boa Viagem, Areias, Ipsep e Brasília Teimosa, o estudo segue até outubro e pretende alcançar pelo menos 2.400 novas participantes nesta etapa. Realizado desde 2019, o estudo tem previsão de término em 2029 e é liderado pela demógrafa Letícia Marteleto, da Universidade da Pensilvânia, dos Estados Unidos, e conta com a participação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Além de entrevistar mulheres já participantes das fases anteriores, o projeto busca ampliar sua base com novas voluntárias, aprofundando a análise sobre os impactos de crises sanitárias sucessivas na vida das mulheres.

AMOSTRA
Atualmente, são elegíveis para participar da pesquisa mulheres entre 23 e 50 anos, residentes da Região Metropolitana do Recife (excluindo Fernando de Noronha), que aceitem participar da pesquisa assinando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e informem seus nomes. Essas mulheres farão parte da "amostra nova", somando-se às participantes das fases anteriores.

A amostra original é composta por mulheres que participam da pesquisa desde a primeira fase, em 2020. Na ocasião, os critérios de elegibilidade incluíam ter entre 18 e 34 anos, residir em um dos 98 municípios da área do DDD 81 de Pernambuco, ser dona do número de telefone contatado pela equipe, fornecer seu primeiro nome e concordar com os termos de consentimento.

Já a amostra nova é formada por mulheres de 23 a 50 anos, distribuídas entre duas faixas etárias (23 a 39 anos e 40 a 50 anos), moradoras da RMR. Assim como na amostra original, é necessário concordar com os termos de participação.

PLANEJAMENTO
O recrutamento da amostra nova segue um planejamento amostral rigoroso. Primeiro, foram selecionadas Unidades Primárias de Amostragem (UPAs), que correspondem a setores censitários ou conjuntos deles, divididos entre os 14 municípios da RMR. Em seguida, com base no Cadastro Nacional de Endereços para Fins Estatísticos (CNEFE), do IBGE, foram sorteados domicílios. As entrevistadoras estão visitando essas residências, verificando se há moradoras na faixa etária desejada. Caso haja, elas são convidadas a participar.

Quando há mais de uma mulher apta no mesmo domicílio, o próprio sistema do questionário realiza um sorteio para escolher qual delas será entrevistada. Se houver mulheres em faixas etárias diferentes (23 a 39 e 40 a 50), ambas são convidadas a participar.

A pesquisadora Letícia Marteleto reforça que o envolvimento das mulheres é essencial para ampliar o alcance da ciência e valorizar suas experiências. "Estas entrevistas começaram em 2019 e irão até 2029. Este é o maior estudo em painel já feito com mulheres no Brasil e na América Latina.