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Nas páginas do jornal, a dor de todo um povo
A despedida de um rei escolhido pelo povo pernambucano e nordestino. A morte de Luiz Gonzaga, em 1989, foi uma das coberturas marcantes realizadas pelo Diario de Pernambuco
CARLOS LOPES
Publicação: 02/08/2025 03:00
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O Nordeste foi letra e música para Luiz Gonzaga. Quando sua voz se calou, todos cantaram por ele |
O jornal mais antigo em circulação da América Latina abriu nesta semana a contagem regressiva dos 100 dias para a comemoração dos seus 200 anos. Como parte da celebração, o Diario de Pernambuco trará nas edições de final de semana reportagens especiais sobre algumas das suas coberturas mais marcantes, compartilhando com os leitores o acervo histórico construído ao longo de quase dois séculos de vida.
Para abrir a série, a despedida do maior artista popular de Pernambuco: Luiz Gonzaga do Nascimento. Gonzagão faleceu em um dia 2 de agosto, como este sábado, há 36 anos. Ou, bateu asas, não ‘do’, mas ‘para’ o Sertão, onde foi enterrado, na terra natal Exu, cumprindo a promessa a Rosinha, na letra do clássico Asa Branca: “(...) eu voltarei, viu, meu coração”.
O sertanejo que aos 17 anos chegou à então capital federal, o Rio de Janeiro, carregando uma sanfona e mostrou ao país a força e a arte do povo nordestino deu o derradeiro suspiro às 5h16 da quarta-feira, 2 de agosto de 1989. Foram 42 dias internado no Hospital Santa Joana, nas Graças, na Zona Norte do Recife.
Gonzação lutou contra um câncer generalizado nos ossos, que desencadeou problemas pulmonares. Uma pneumonia silenciou a voz rouca, carregada de nordestinês e poesia. “Eu tinha certeza que Lula ia se recuperar”, lamentou dona Edelzuita Rabelo, esposa do sanfoneiro, à reportagem do Diario.
“Morte silencia Rei do Baião” foi a manchete da edição número 207 do dia 3 de agosto de 1989, trazendo na capa a primeira matéria da cobertura especial do Diario: “Depois de embalsamado no Hospital Oswaldo Cruz, o corpo de Gonzagão foi levado em carro aberto do Corpo de Bombeiros para a Assembleia Legislativa, onde ficou exposto à visitação pública”, relatou o texto de abertura.
“Às 9h, o esquife seguirá em cortejo para o Aeroporto dos Guararapes, onde será embarcado às 10h com destino a Juazeiro, no Ceará. Na terra de Padre Cícero, haverá uma cerimônia religiosa no aeroporto e de lá o esquife será trasladado de helicóptero diretamente para Exu, onde ficará exposto em câmara ardente na matriz. Amanhã à tarde, será sepultado no Parque Asa Branca.”