Publicação: 02/08/2025 03:00
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Registro do DP de pai e filho juntos. Gonzaguinha morreria apenas dois anos depois de Gonzagão em um acidente |
A morte do maior artista popular de Pernambuco exigia uma cobertura mais do que especial, daquelas que levam o leitor a guardar a edição com o carinho e o cuidado de um documento histórico. Um time de repórteres, fotógrafos e editores foi montado para registrar nas páginas de três edições consecutivas não apenas a dor da despedida de um ídolo. Mas também consolidar um conteúdo capaz de dimensionar a grandeza do homem, do artista e do imortal Luiz Gonzaga.
Edição da quinta-feira, dia 3 de agosto de 1989
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Capa da edição do dia 3 de agosto de 1989 traz como manchete a morte de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião |
A página A-8 contou os detalhes da via crucis de Gonzação desde que havia dado entrada no hospital, em meados de junho, para o tratamento do que seria apenas uma infecção urinária, e a sua luta contra a osteoporose. Trouxe também toda a comoção que cercou as primeiras horas após o anúncio do seu óbito e uma entrevista com filho Gonzaguinha, que estava no Rio de Janeiro.
"Exu despede-se, amanhã, do seu filho mais ilustre. Quando o entardecer da sexta-feira chegar, o povo, amigo e parentes estarão dando adeus a Luiz Gonzaga", abria a matéria da A-9. A página também contava como a força do Rei do Baião ajudou o seu povo no processo de pacificação da guerra envolvendo as famílias Sampaio, Alencar e Saraiva, a fé até o último suspiro de dona Edelzuita e trouxe a história de um dos milhares de fãs de Luiz Gonzaga, conhecido o "Tiete do Rei".
Na A-10, o Diario de Pernambuco abriu o seu arquivo de imagens de Luiz Gonzaga, construído ao longo da carreira do sanfoneiro. Dentre fotografias exclusivas, o Rei do Baião ao lado de um dos seus grandes parceiros José Dantas, assim como Dominguinhos. A página trouxe também matéria sobre "A arte de ser fenômeno fazendo coisas simples", uma viagem na vida do homem que saiu de Exu para o mundo e virou um representante da cultura nordestina.
Edição da sexta-feira, dia 4 de agosto de 1989
Na primeira página, um título destacou o dia de dor e despedida: "Mais de 100 mil recifenses dão último adeus a Gonzaga". Duas páginas internas relatam minuciosamente os últimos momentos do Rei do Baião no Recife.
A A-10 remontou desde o velório na Assembleia Legislativa, com a missa celebrada por Dom Hélder Câmara, até a saída do cortejo fúnebre seguindo para o Aeroporto dos Guararapes e acompanhado por uma multidão a pé (na estimativa da Polícia Militar, 100 mil pessoas marcaram presença). A página traz também o filho Gonzaguinha decretando a imortalidade de Gonzagão.
Na A-11, o enviado especial Gildson Oliveira relatou a chegada do corpo de Gonzagão no aeroporto de Juazeiro do Norte, no Ceará, onde a comoção também fez a cidade parar, lotou as ruas e as derradeiras homenagens ao Rei do Baião foram feitas na terra do Padre Cícero. De lá, o cortejo seguiu em carro do Corpo de Bombeiros até Exu.
Edição do sábado, dia 5 de agosto de 1989
Na primeira página, uma chamada ("Sertão chora no enterro de Gonzaga") e a foto de destaque, com o povo acompanhando o sepultamento do rei em sua terra natal, fazendo coro com Dominguinhos, sua sanfona, e Gonzaguinha.
Na A-12, Gildson Oliveira relatou, em mínimos detalhes, os momentos finais de uma romaria que teve cerca de 32 horas de duração e percorreu quase 700km, transformando em palavras o sentimento dos conterrâneos de Gonzagão, artistas e autoridades durante o trajeto do corpo até o sepultamento.
Saiba mais...
Nas páginas do jornal, a dor de todo um povo