Governador João Lyra Neto recebeu representantes de comunidades ontem

Enquanto Israel e o grupo radical Hamas se enfrentam em um conflito que já deixou mais de 600 palestinos e 20 israelenses mortos, 40 membros da comunidade judaica comemoraram ontem, no Palácio do Campo das Princesas, a liberdade religiosa dos judeus no Brasil. O ato foi uma homenagem aos 360 anos de dissolução da primeira comunidade judaica das Américas, que se instalou no Recife e seguiu em direção ao Caribe e a América do Norte, onde estabeleceram em Nova Amsterdã, assentamento que depois viria a se tornar Nova York.

“Queremos resgatar as raízes históricas. Uma árvore com raízes aguenta tempestades e isso tem que ser lembrado porque a atividade da comunidade aqui era muito intensa. Viemos para agradecer ao Brasil atual, que é democrático e nos acolheu”, disse o rabino David Weitman, chefe da Sinagoga Beit Yacov, da Congregação e Beneficiência Sefaradi de São Paulo, durante o evento que também contou com a presença do governador João Lyra Neto e do Rabino Alexandre Mizrahi, da comunidade do Recife.

Na ocasião, o rabino pediu ainda para que o governador analisasse uma proposta da USP de realizar pesquisas nas pedras com escritos hebraicos dos túmulos judaicos. Eles entregaram um livro e uma pintura judaica a João Lyra Neto e leram uma prece abençoando o governo. “Os judeus deram uma contribuição grande ao estado”, afirmou o governador.

Sobre os confrontos entre judeus e árabes na Faixa de Gaza, o rabino disse que espera que a paz reine na região. “Não se pode deixar foguetes caírem em crianças. A ONU foi clara: nenhum país deve ter foguetes no seu território”.

Integrantes de comunidades judaicas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Bélem e Curitiba chegaram ao Recife no domingo e hoje seguem para Salvador. Além de conhecer a sinagoga Kahal Zur Israel, primeira das Américas, construída no século 18 no Bairro do Recife, o grupo foi ao Engenho Camaragibe, onde havia celebrações judaicas no passado, e visitou a Ilha de Itamaracá, que já teve uma sinagoga. As atividades fazem parte do Projeto Alicerces, que organiza cursos de história judaica e passeios para os lugares do Brasil e da Europa onde a passagem dos judeus foi marcante.