Cento e vinte baixos de talento e superação Forrozeiros pernambucanos cegos mostram seu talento nas festas juninas e provam que a música não conhece limitações

THAIS ARRUDA
ESPECIAL PARA O DIARIO
thaisarruda.pe@dabr.com.br

Publicação: 20/06/2015 03:00

Muniz do Arrasta-pé aprendeu a tocar para ajudar no sustento da família em Macaparana, e não parou mais (RODRIGO SILVA/ESP.DP/D.A PRESS.)
Muniz do Arrasta-pé aprendeu a tocar para ajudar no sustento da família em Macaparana, e não parou mais
Asuperação também dá o tom das festas juninas, pelas mãos de músicos cegos que encantam suas plateias. Filho de uma família na qual sete crianças nasceram com uma doença ocular, em Macaparana, Mata Norte, Muniz do Arrasta-pé teve seu primeiro contato com a sanfona aos 10 anos, quando a perda gradual da visão do pai se tornou preocupação para o sustento da família.

Aos 11 anos, ele decidiu ir à feira tocar para arrecadar dinheiro. “Pedi autorização ao meu pai duas vezes, mas ele negou. Resolvi tocar escondido. O dinheiro que consegui abasteceu minha família com dois meses de feira.”

Conhecer um instrumento musical tirou Muniz de uma vida de reclusão. Morando atualmente em Casa Amarela, o sanfoneiro tem que subir todos os dias uma escadaria, que, segundo ele, nunca foi problema. “Essas coisas são tão pequenas em meio a tudo que eu vivi. Apesar da minha cegueira ter mudado o meu cotidiano, acredito que eu vim com a missão de levar alegria para o povo.’’

Verdadeira “Tribo de Jah” do forró, a banda Forró Sensação é formada por Iza Gomes no vocal, Toninho no contrabaixo, Nilton César no agogô, Jota Gomes no vocal e acordeon, Jorge Fonseca no triângulo e Jeferson José na zabumba - o único que enxerga. O grupo surgiu em 1998 e iniciou shows através do Instituto dos Cegos do Recife.

Nascido em Tabira, no Sertão, Jota Gomes, 48, contribui com sua voz grave para o grupo. “Pela música temos a oportunidade de passar a alegria para pessoas que nem conhecemos, além de podermos nos comunicar com todos”, contou.