Publicação: 09/06/2016 03:00
![]() | |
Muda da árvore símbolo principal de religião de matriz indígena será plantada hoje |
Além de promover um debate sobre a relação das religiões de matrizes indígenas e africanas com o meio ambiente, o professor de geografia e direitos humanos Rodrigo de Lima quer marcar a data combatendo a intolerância religiosa e racial dentro da escola, formada por 300 alunos.
Rodrigo, que é catequista da Igreja Católica, costuma chamar o Quilombo Cultural Malunguinho, instituição voltada à informação, pesquisa e formação na cultura e prática afro indígena brasileira, para palestras na escola. “Sempre discutimos a consciência negra. Sigo a linha da teologia da libertação e considero importante quebrar a discriminação religiosa e racial. Temos muitos alunos evangélicos e católicos e há dois anos já estamos discutindo o tema”.
Alexandre L’Omi L’Odò, sacerdote da Jurema e fundador do Quilombo Cultural Malunguinho, fará palestra sobre a contribuição das religiões afro-indígenas para a preservação ambiental. Em seguida, estará à frente do ritual de plantio da jurema no terreno da escola, que será acompanhado pelos alunos. “Este pé de jurema será plantado como símbolo de esperança na luta contra o racismo e a intolerância religiosa, assim como para fortalecer o respeito à diversidade e garantir no espaço da escola um patrimônio de memória viva dos povos indígenas que nesta terra já habitavam antes da chegada dos colonizadores brancos e dos negros e negras escravizados”, reflete.
A muda tem um metro e pode atingir cinco metros de altura com sete metros de copa. “A jurema sagrada é deusa- mãe, é o centro de tudo na religião. É de onde tiramos toda a força e enregia da natureza para trabalhar na religião. Os indígenas do Nordeste conheciam a planta muito antes dos colonizadores.”
Em 2005, a professora de história Célia Arruda plantou um baobá, árvore de origem africana, na Escola de Referência de Ensino Médio Mariano Teixeira, em Areias, no Recife, para trabalhar também temas relacionados ao meio ambiente e à cultura negra. (Marcionila Teixeira)