UFPE anuncia cortes e alerta para riscos Diante do baixo orçamento, incluindo uma recomposição de apenas R$ 7,3 milhões, o reitor da instituição decidiu reduzir as despesas

Marília Parente

Publicação: 09/07/2025 03:00

Reitor Alfredo Gomes diz que recursos só garantem o funcionamento até outubro (RAFAEL VIEIRA/DP FOTO)
Reitor Alfredo Gomes diz que recursos só garantem o funcionamento até outubro

O reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Alfredo Gomes, anunciou ontem cortes financeiros em algumas áreas, visando manter a instituição funcionando até outubro deste ano. Mesmo assim, a UFPE precisará de uma suplementação de aproximadamente R$ 24 milhões para encerrar o ano.

De acordo com a reitoria, o orçamento da UFPE é de R$ 178 milhões, valor insuficiente para manter todas as atividades oferecidas atualmente. Em 2014, o valor era de R$ 213 milhões. “Neste ano, a UFPE já recebeu uma recomposição de R$ 7,3 milhões, uma quantia que não faz frente aos desafios da instituição”, acrescentou o reitor. 

As medidas devem atingir atividades curriculares de alguns cursos oferecidos, bem como contratos em vigência e o curso preparatório pré-vestibular promovido pela universidade. De acordo com o reitor, a universidade não irá realizar cortes relacionados à assistência estudantil, priorizando a política de manutenção dos alunos, os contratos do Restaurante Universitário e o pagamento de bolsas, por exemplo.

RESTAURANTE

“Mais de 50% dos nossos estudantes são provenientes da escola pública e do sistema de cotas. Não vamos, em hipótese nenhuma, mexer com os contratos dos restaurantes universitários”, disse Alfredo Gomes. Além disso, as aulas de campo foram reduzidas, mas a universidade tem garantido a realização daquelas que são obrigatórias para a conclusão dos cursos. Novos editais também ficaram suspensos, nas áreas de graduação, pós-graduação e de internacionalização. 

Em relação ao restante do ano, o reitor frisou a necessidade de uma suplementação orçamentária. “Precisamos de um aporte de recomposição para finalizar o ano de 2025. Essa suplementação é da ordem de R$ 23,9 milhões do orçamento da universidade para terminar o ano nessas condições já difíceis”, afirmou o reitor.

A reitoria estima que a manutenção de toda as atividades da universidade custaria um orçamento anual de R$ 202,3 milhões. O déficit de mais de R$ 20 milhões, contudo, não afeta a implementação do novo campus de Sertânia, no Sertão do estado, que é realizada com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). “Como são do PAC, não podemos utilizar esses recursos para outra coisa. Também estão garantidas as obras do Teatro da Universidade”, explicou o reitor.

A UFPE conta com 13 Centros Acadêmicos, cerca de 40 mil alunos, mais de 2,5 mil professores efetivos, bem como mais de 3,5 mil técnicos. Ao todo, a universidade conta com 377 edificações, sendo algumas delas históricas, como a Faculdade de Direito do Recife (FDR). “Temos instituições tombadas, que precisam de investimentos específicos para sua manutenção”, alertou Alfredo Gomes. 

Em abril deste ano, as universidades federais localizadas em Pernambuco já tinham alertado para as dificuldades enfrentadas por causa do orçamento curto e os cortes feitos pela União. Na ocasião, o reitor da UFPE disse que, “fazendo uma projeção e tomando como base a recomposição pela inflação, o orçamento da universidade deveria ser hoje, de R$ 395 milhões” para suprir as necessidades.