Parada pede igualdade e respeito ao amor livre População LGBT denuncia que, em 2015, o preconceito matou 318 pessoas do segmento no país

Publicação: 19/09/2016 03:00

Concentração da Parada da Diversidade foi no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem (Amanda Oliveira/Esp. DP)
Concentração da Parada da Diversidade foi no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem

Para gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais, viver e amar de acordo com sua orientação sexual é um ato político e de resistência, especialmente em um país que teve 318 assassinatos de pessoas desse segmento da população em 2015, segundo o Grupo Gay da Bahia. Na 15ª Parada da Diversidade, que aconteceu na Avenida Boa Viagem na manhã e tarde de ontem, a comunidade LGBT celebrou seu direito à felicidade com 12 trios elétricos que percorreram a orla, sob o tema Democracia Fora do Armário.

A festa começou ainda de manhã, com concentração no Parque Dona Lindu, onde houve uma série de apresentações musicais e de artistas LGBT antes da saída dos trios, que aconteceu por volta das 13h. Enquanto eles não andavam pela orla, o público circulou pelo parque e encontrou quem se preparou por dias para o evento. A drag queen Kilria, que se “monta” há 20 anos, chamava a atenção com seu figurino totalmente pink. “Acho que a Parada é importante para mostrar que os gays têm de ocupar seu lugar, sem vulgaridade e com brilho”, afirmou.

Já Bebel Vieira, de 19 anos, foi à parada junto com as amigas Adrielly Soares e Gah Barros em um modelo ousado, feito para chamar a atenção. “No meu corpo, tem duas tatuagens. Uma é uma homenagem à luta LGBT e outra defende a legalização da maconha”. Grupos de amigos e amigas também foram a Boa Viagem com o visual caprichado, com fantasias e figurinos especiais. Foi o caso das Evellyns, grupo de seis amigas drag queens: Lilian Evellyn, Priscila Evellyn, Bárbara Evellyn, Cibele Evellyn, Wanessa Evellyn e Massala Evellyn. “Viemos juntas há cinco anos. A cada ano, mudamos a cor da roupa”, explica Priscila.

Na Parada da Diversidade, houve até quem se dedicasse a passar mensagens religiosas. Isso aconteceu com 25 integrantes da Comunidade Cristã Nova Esperança, que funciona no bairro da Madalena e existe há 8 anos no Recife. Para eles, o domingo serviu para panfletar e evangelizar ao som de música pop e eletrônica, ouvida de longe no Parque Dona Lindu. “A nossa igreja é inclusiva e não faz distinção por orientação sexual. Queremos levar o amor de Deus aos excluídos da sociedade”, afirma Nelson Patriota, 45 anos, que se apresenta como drag queen sob o nome de Cíntia. Valmir Calaça, vaqueiro de Serrita que carregou a bandeira do arco-íris em plena Missa do Vaqueiro, neste ano, veio ao Recife a caráter para prestigiar a parada e protestar, carregando as placas “salve o Riacho do Navio” e “salve o Pajeú”.

Para Chopelly Santos, militante trans e coordenadora do Fórum LGBT no estado, o o evento oferece visibilidade. “Estamos convidando a população heterossexual a unir forças junto à comunidade LGBT para combater a homofobia e pressionar a aprovação de leis que beneficiem essa população”, ressaltou.