O preto e o branco mais colorido
Alunos de uma escola municipal do Coque aprendem a fazer suas próprias câmeras e a fotografar com latas pela técnica do pinhole
MARCIONILA TEIXEIRA
marcionila.teixeira@diariodepernambuco.com.br
Publicação: 31/12/2016 03:00
O desafio foi lançado durante uma aula de artes. Falava de fotografar espaços bonitos no Coque. Os alunos do oitavo ano da Escola Municipal Professor José Costa Porto aceitaram a sugestão. Percorreram a comunidade com máquinas artesanais feitas com latas de leite e trouxeram a prova da beleza em suas fotos. Cumprido, o desafio terminou por afagar a autoestima. Também lançou nos adolescentes um novo olhar sobre a própria vida. Era disso que a professora Lucélia Albuquerque, 35 anos, falava nas aulas teóricas, dentro da sala de aula.
“O Coque é muito bonito. Todo mundo fala que é violento, que não presta. Me sinto ofendido nessas horas”, diz Mateus Fernandes, 14. Junto com Mateus Silva, de mesma idade, fotografou a Ponte Gregório Bezerra, que liga a comunidade à Ilha do Retiro. “Nunca imaginei que a imagem ia sair tão especial. O povo coloca tanta lata de leite no lixo. Fizemos uma foto embaixo da ponte. Mostramos a maré, um cavalo deitado, um bicho morto. A foto ficou especial”, lembra.
Rayane Gomes, 13, encontrou beleza na passarela para pedestres localizada perto da Academia da Cidade. “Lá a gente consegue ver a vida de cima”, reflete. Kevem da Silva, 15, subiu na passarela e encontrou um belo reflexo do prédio do Hope e da ponte nas águas do Rio Capibaribe para fotografar.
A passarela e a ponte foram os lugares mais citados pelos alunos como belos dentro do Coque. Mas Ronaldo Gomes, 14, diz que a comunidade tem muito mais áreas bonitas. “Tem os viveiros de camarão, tem o campo de futebol”, relata. Monielly Elen, 15, acha o azul do céu o que há de melhor na comunidade. O mergulho que dá um frio na barriga é o mais bonito naquele canto do mundo para Claudemir Ferreira, 15. Carlos Gabriel da Silva, 15, gostou da experiência de percorrer o bairro fotografando. Pensa até em ser fotógrafo futuramente.
A professora Lucélia Albuquerque ensina na escola municipal desde 2011. Seu projeto chama-se Foto na latinha - olhares do Coque. Ela usa uma câmara pinhole, ou seja, uma máquina artesanal sem lente. A prática é econômica e simples e permite o uso de qualquer caixa onde a luz não penetre. A teoria e a proposta são ensinadas na sala de aula. Somente depois os estudantes seguem para campo. Em seguida, revelam os olhares. Para isso, a professora interdita, por dois dias e com autorização da direção, o banheiro da escola para revelar as fotos. O processo exige água corrente.
Pela primeira vez, a iniciativa foi selecionada para participar de uma edição da Ciência Jovem, uma das maiores feiras de ciências do país. O evento aconteceu em novembro. O projeto não saiu premiado, mas a participação inédita dos alunos também pode ser considerada um troféu. Um troféu valioso, para ser compartilhado entre os outros jovens moradores do Coque.
Com uma lata na mão, eles capturaram a beleza do bairro
A técnica pinhole também ajudou na melhoria da autoestima dos estudantes, além de uma perspectiva humanizada da paisagem.
Os amigos Mateus Fernandes e Mateus Silva, ambos de 14 anos, ficaram empolgados com o resultado das suas fotografias. A estudante Monielly Elen, 15, diz que o azul do céu do Coque é o que há de melhor no lugar
“O Coque é muito bonito. Todo mundo fala que é violento, que não presta. Me sinto ofendido nessas horas”, diz Mateus Fernandes, 14. Junto com Mateus Silva, de mesma idade, fotografou a Ponte Gregório Bezerra, que liga a comunidade à Ilha do Retiro. “Nunca imaginei que a imagem ia sair tão especial. O povo coloca tanta lata de leite no lixo. Fizemos uma foto embaixo da ponte. Mostramos a maré, um cavalo deitado, um bicho morto. A foto ficou especial”, lembra.
Rayane Gomes, 13, encontrou beleza na passarela para pedestres localizada perto da Academia da Cidade. “Lá a gente consegue ver a vida de cima”, reflete. Kevem da Silva, 15, subiu na passarela e encontrou um belo reflexo do prédio do Hope e da ponte nas águas do Rio Capibaribe para fotografar.
A passarela e a ponte foram os lugares mais citados pelos alunos como belos dentro do Coque. Mas Ronaldo Gomes, 14, diz que a comunidade tem muito mais áreas bonitas. “Tem os viveiros de camarão, tem o campo de futebol”, relata. Monielly Elen, 15, acha o azul do céu o que há de melhor na comunidade. O mergulho que dá um frio na barriga é o mais bonito naquele canto do mundo para Claudemir Ferreira, 15. Carlos Gabriel da Silva, 15, gostou da experiência de percorrer o bairro fotografando. Pensa até em ser fotógrafo futuramente.
A professora Lucélia Albuquerque ensina na escola municipal desde 2011. Seu projeto chama-se Foto na latinha - olhares do Coque. Ela usa uma câmara pinhole, ou seja, uma máquina artesanal sem lente. A prática é econômica e simples e permite o uso de qualquer caixa onde a luz não penetre. A teoria e a proposta são ensinadas na sala de aula. Somente depois os estudantes seguem para campo. Em seguida, revelam os olhares. Para isso, a professora interdita, por dois dias e com autorização da direção, o banheiro da escola para revelar as fotos. O processo exige água corrente.
Pela primeira vez, a iniciativa foi selecionada para participar de uma edição da Ciência Jovem, uma das maiores feiras de ciências do país. O evento aconteceu em novembro. O projeto não saiu premiado, mas a participação inédita dos alunos também pode ser considerada um troféu. Um troféu valioso, para ser compartilhado entre os outros jovens moradores do Coque.
Com uma lata na mão, eles capturaram a beleza do bairro
A técnica pinhole também ajudou na melhoria da autoestima dos estudantes, além de uma perspectiva humanizada da paisagem.
Os amigos Mateus Fernandes e Mateus Silva, ambos de 14 anos, ficaram empolgados com o resultado das suas fotografias. A estudante Monielly Elen, 15, diz que o azul do céu do Coque é o que há de melhor no lugar