Canteiros ficaram à margem

Publicação: 21/01/2017 03:00

Onde deveria haver estações fluviais, balsas pichadas. No local em que passageiros estariam embarcando para chegar mais rápido ao trabalho ou na volta para casa, matagal. Bastar passar por um dos pontos onde deveriam existir plataformas de embarque e desembarque no Capibaribe para perceber que o projeto Rios da Gente foi interrompido.

O objetivo do Rios da Gente, lançado em 2012, era “aproveitar a calha do Rio Capibaribe para a implantação de um sistema integrado de transporte de passageiros que utilize embarcações adequadas ao transporte de massa através de estações de embarque e desembarque de passageiros”, de acordo com o material de divulgação do projeto.

Entre os benefícios para a mobilidade urbana estava a proximidade com um corredor de transporte saturado: o binário das avenidas Rui Barbosa e Rosa e Silva. “No horário de pico, a velocidade média na Rui Barbosa é de 5 km/h, ou seja, anda-se mais rápido a pé. Apesar dos problemas que enfrenta, a avenida não recebeu nenhuma melhoria porque não há espaço para isso. Esse espaço seria o rio, que corre paralelamente à via”, afirmou o doutor em mobilidade urbana e professor da UFPE Oswaldo Lima Neto.

As embarcações prometidas seriam acessíveis para pessoas com mobilidade reduzida e haveria integração com os demais modais do Recife, como bicicleta, ônibus, BRT e metrô. O valor da tarifa seria o mesmo do anel A, que hoje custa R$ 3,20 (no lançamento do projeto custava R$ 2,15).

A Secretaria das Cidades respondeu, por nota, que as obras pararam após a desistência, em abril de 2016, do Consórcio ETC & Brasília Guaíba. Não há previsão para os trabalhos serem retomados. “Devido à desistência da construtora em dar continuidade às obras das estações, a secretaria iniciou o levantamento do remanescente de obra para subsidiar a nova licitação. A dragagem do corredor oeste está 97,5% concluída”, informou.

Pontes
Na avaliação do doutor em engenharia civil e professor de economia dos Transportes e Gestão das Infraestruturas da UFPE, Maurício Andrade, do ponto de vista físico, além da construção das estações, ainda é necessário concluir os serviços de dragagem iniciados há três anos e que estão paralisados. “É preciso também solucionar os problemas das alturas das pontes, que obrigam projetos especiais das embarcações (ainda não desenvolvidos) em condições de operar em qualquer situação relativa ao nível das marés”, pontuou.